Um belo dia eles chegam e ocupam nosso tempo, nossa atenção e vão tomando conta do “pedaço”. Por algum tempo, é como se a vida parasse e tudo girasse em torno dos filhos. E então, precisamos fazer vários ajustes, várias concessões. As necessidades de um recém-nascido exige de nós muita doação e entrega.
Para algumas, um momento muito desafiador e nem sempre possível, tanto por indisponibilidade externa, quanto interna (emocional).
Para outras, um momento de conexão e entrega, de descobertas sobre esse novo papel. E mesmo que já se tenha um filho, a chegada de outro sempre mexerá nas estruturas e novos ajustes precisarão ser feitos.
Por algum tempo, perdemos nossa identidade. Entramos numa fusão emocional com esse bebê, um processo totalmente natural e saudável.
E então, esse bebê começa a crescer e a se desenvolver. E essa mãe, tão dedicada e amorosa, vai se tornando cada vez menos necessária. Ou, deveria se tornar, porque nem sempre isso acontece.
A cada nova fase de nossos filhos é como se vivêssemos um “luto”, no sentido de final de ciclo. A introdução alimentar, o desmame, o desfralde, o início da fase escolar e assim por diante. Durante a vida, experimentaremos muitas “despedidas”, para que novos ciclos possam ser iniciados.
Então, eu te pergunto: Como é para você permitir que seu filho cresça? Como é vê-lo precisar cada vez menos de você?
Para muitas mães (essa dificuldade é muito mais comum em mães do que pais), esse processo de autonomia do filho pode desencadear sentimentos de rejeição, menos valia, perda de importância.
Sei o quanto queremos proteger nossos filhos do mundo. Queremos evitar sofrimento e frustrações. Não queremos que se machuquem. Mas essa postura, muitas vezes, revela as nossas dificuldades de ir para o mundo. O nosso medo de crescer. E com isso, geramos neles a sensação de incapacidade, a insegurança. Tiramos deles o direito de viver, de sentirem o mundo a partir de suas próprias experiências.
É necessário lembrarmos que filhos são uma parte importantíssima da nossa vida, mas não são a única. É pesado demais para um filho carregar esse lugar. De ser o centro absoluto da vida de uma mãe.
Se o seu filho tem ocupado esse lugar, único e absoluto, é importante se perguntar, o lugar de quem mais ele está “ocupando”?
Que possamos reconhecer nossos medos e feridas. E perceber se o que temos feito pelos nossos filhos são necessidades deles ou nossas. Daquilo que não recebemos, daquilo que lamentamos. Quem realmente precisa de quem?
Que tenhamos discernimento para encontrar o ponto de equilíbrio. De proteger, mas não super proteger. De confiar e não abandonar. De estar junto, mas deixa-los andar com suas próprias pernas. De dar espaço para se fazer necessária, e desnecessária.
Que possamos olhar para nossos filhos e reconhece-los. De sentir quem são e o que verdadeiramente eles precisam.