Estudos mostram que o Covid-19 está causando um impacto muito importante no atraso do diagnóstico dos cânceres infantis, segundo a oncologista pediátrica do Hospital da Criança do Grendacc (Grupo em Defesa da Criança com Câncer), Arianne Pereira Casarim. “Não existe exames preventivos que a gente possa fazer para tentar conseguir um diagnóstico mais precoce do câncer infantil. Infelizmente, é preciso esperar o aparecimento de sinais e sintomas, mas com o impacto do Covid-19 na população, esses sinais e sintomas estão sendo um pouco negligenciados e atrasando, e muito, o diagnóstico dessas crianças”, explica a médica.
De acordo com Arianne, isso causa um impacto negativo, porque ter um diagnóstico mais atrasado pode afetar no tratamento dessas crianças. “Elas podem precisar fazer mais quimioterapia ou ter um pior prognóstico pela doença não estar mais tão no início”, alerta.
Por isso, mesmo nessa época de pandemia, é preciso reforçar aos pais que diante de qualquer sintoma relacionado ao câncer infantil deve-se procurar um médico imediatamente. No próximo dia 15 de fevereiro é celebrado o Dia Internacional de Luta contra o Câncer Infantil e a oncologista pediátrica ressalta a importância do diagnóstico precoce, que ajuda no sucesso do tratamento e cura do câncer infantil.
Arianne destaca alguns dos principais sintomas da doença e pede que os pais ou responsáveis fiquem atentos aos sinais:
– Febre persistente, de origem indeterminada, com tempo de evolução superior a 8 dias;
– Perda de peso maior que 10% nos últimos seis meses;
– Palidez;
– Dor é um sintoma muito frequente, a criança fica mais irritada, com dificuldade para brincar, dormir e se alimentar;
– Hematomas não associados a traumas.;
– Aumentos dos gânglios linfáticos;
– Cefaleia (dor de cabeça) é um sintoma comum na infância, mas devemos ter atenção quando associada com sinais de alerta, como despertar noturno e vômitos;
Atualmente, 20 pacientes estão em tratamento efetivo – fazendo quimioterapia – no Grendacc, e outros 40 estão em acompanhamento, ou seja, fora de tratamento. Lembrando que os pacientes permanecem em acompanhamento por um período de 5 anos, passando por consultas e exames periódicos. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), no Brasil o câncer já representa a primeira causa de morte (8% do total) por doença entre crianças e adolescentes de 1 a 19 anos. Com o diagnóstico precoce, em torno de 80% desses pacientes são curados – mesmo índice do Hospital da Criança do Grendacc.
A oncologista pediátrica também destaca a importância de um tratamento humanizado e de uma equipe multidisciplinar na luta contra o câncer. “Um serviço especializado de oncologia, que tem à mão nutricionista, psicólogo, assistente social, fisioterapeuta e uma equipe de enfermagem, como ocorre no Grendacc, traz um ganho incrível para o paciente”, explica.
Segundo a médica, o tratamento do câncer infantil não consiste apenas na quimioterapia, radioterapia e cirurgia, é um tratamento complexo. Quando o oncologista tem ao seu lado uma fisioterapeuta para o paciente manter a sua massa muscular ou perder menos; uma nutricionista que vai avaliando o grau de desnutrição desse paciente e entrando com complemento para evitar essa desnutrição; uma psicóloga que acompanha a família de perto; e um serviço social que ajuda e se envolve nas causas da família, o ganho para o paciente é fundamental. “É incrível como isso munda todo o tratamento. Porque se o paciente não está desnutrido e está bem, ele consegue fazer a quimioterapia no tempo certo e com isso conseguimos melhorar a sobrevida dele”, afirma Arianne.
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