Empatia com as crianças

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Viramos adultos e de repente esquecemos de tudo o que sentíamos quando éramos crianças. Viramos adultos e vestimos uma lente com outras prioridades, outras definições sobre o que é importante, necessário, urgente. Viramos adultos e achamos que somente as nossas visões são válidas, porque, afinal, somos adultos e sabemos mais.

Mas será que sabemos mais? Ou será que sabemos diferente?

Nós temos a mania de achar que sabemos por eles, mas ninguém sabe o que o outro está sentindo e nem a importância daquele sentimento.

É curioso pensar que nós, mães, sempre reclamamos que não somos ouvidas, mas será que ouvimos?

Sou da opinião que a criança quando precisa de alguma coisa, ela realmente precisa. Quando ela pede para a professora para ir ao banheiro, pode não ser que não precise de fato fazer xixi, mas ela precisa sair da sala de aula um pouquinho e “dar uma volta” na escola. Respirar.

Quando a criança chama a mãe, ela precisa da mãe. Pode ser que ela saiba fazer sozinha, mas ela quer mostrar. Ela quer que a gente veja, de verdade, com os olhos, com atenção. É importante para ela, mesmo que você já tenha visto um milhão de vezes a mesma cena.

Outro dia ouvi de uma mãe que a filha estava ligando da escola, dizendo que não estava bem e queria ir para casa. A mãe me disse “Ela está com manha. Ela só quer ir pra casa.” Só?

Se fosse uma amiga no trabalho será que essa mãe diria isso? Ou seria mais empática?

Pensei em quantas vezes eu estava trabalhando cansada, com dor, estressada e queria muito ir para casa. Pensei em quantas vezes precisei segurar o fôlego no meio do expediente. Ou ainda, quantas amigas vi chorar no banheiro das empresas por onde passei.

Se para nós é tão difícil lidar com o dia inteiro de trabalho, por que não conseguimos pensar no quanto é difícil para uma criança, especialmente nesse período pandêmico, passar novamente o dia inteiro dentro da escola?

Crianças brigam com os amigos, ficam cansadas, precisam aprender muito conteúdo em sala de aula, convivem cada vez menos com a natureza e cada vez mais com as telas, às vezes até sofrem bullying. Elas também estão sobrecarregadas. Elas precisam respirar, ir mais uma vez ao banheiro e talvez até chegar em casa mais cedo.

Cabe a nós termos mais empatia, nos colocarmos no lugar delas com a cabeça da criança que ainda existe em nós. Olhar para dentro, relembrar nosso tempo, nossas necessidades. Pode até ser que você tenha sobrevivido à sua infância, mas é isso que queremos para os nossos pequenos?

Autor Bárbara Caparroz

Mãe do Joaquim, Educadora Parental, comunicadora social e estudante de pedagogia. A maternidade me virou do avesso, mas foi assim que a vida me permitiu olhar para dentro de mim mesma e chegar onde estou hoje.

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