Vegetarianismo na infância e na adolescência exige cuidados?

Hoje em dia, muitas crianças e adolescentes estão preferindo uma alimentação sem carne. Uns, por não gostar do gosto e outros, por questões filosóficas, preferem a alimentação vegetariana para o seu dia-a-dia. Mas será que isso faz bem e qual a idade correta para isso?

Para a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), os pequenos podem, sim, ser vegetarianos. A entidade não está sozinha nessa posição. Academia Americana de Pediatria e a Sociedade Canadense de Pediatria pensam da mesma maneira. Para auxiliar os profissionais a lidarem com esse público crescente, a SBP até lançou um guia prático sobre vegetarianismo na infância e na adolescência.

Não há uma idade certa para ser vegetariano, como explica Barbara Pinheiro Possani, nutricionista supervisora do SND (Serviço Nutricional Dietética) do Hospital Universitário (HU), porém em sua grande maioria, quando os pais são, os mesmos acabam passando essa influência aos filhos. “Observamos alguns casos em que a iniciativa é da própria criança ou adolescente. Vale ressaltar que nesses casos devemos respeitar e apoiar, pois mediante acompanhamento é possível que eles cresçam e se desenvolvam de forma saudável e segura”.

Sem o correto acompanhamento, qualquer alimentação inadequada pode afetar o desenvolvimento da criança. A nutricionista ressalta que em qualquer alimentação é preciso evitar industrializados, frituras, excessos de farinha branca e doces. “No caso do vegetarianismo, é preciso ficar atento a déficits em vitaminas e minerais, podendo citar a vitamina B12. Além de erros na distribuição dos macronutrientes como é o caso da proteína. Porém, essas questões podem ser facilmente resolvidas por um nutricionista por meio de adequação alimentar”.

Se a família realmente optar pela dieta vegetariana, existem algumas trocas que podem ser feitas para driblar a deficiência de nutrientes. Porém, algumas vitaminas e minerais em casos específicos precisam ser suplementados, como a vitamina B12. São elas:

FERRO

O ferro melhor absorvido é o tipo heme, proveniente das carnes. Ele também pode ser encontrado em vegetais verde-escuros e leguminosas, porém, sua absorção pelo organismo é menor. Consumi-lo com uma fonte de vitamina C aumenta esse aproveitamento. Mesmo assim, os vegetarianos precisam de 1,8 vezes a quantidade de ferro convencional.

Dica: Evite alimentos fontes de cálcio (como queijo e leite) em refeições ricas em ferro. Esses dois minerais competem entre si no organismo, o que afeta o aproveitamento de ferro.

ZINCO

Como a carne contém zinco de boa absorção, há o temor de que, ao retirá-la da dieta, possa haver deficiência. Mas ele está bastante presente em grãos como o feijão.

Dica: Como o ácido fítico, presente em alguns vegetais, é a substância que mais atrapalha a absorção de zinco, deve-se reduzi-lo (especialmente nos feijões). Basta deixar os grãos de molho em água por um período de 8 a 12 horas e trocá-la para cozinhar.

PROTEÍNAS

Para quem não é vegano, boas fontes de proteínas são ovos, leite e derivados. Já quem não consome esses alimentos, pode substituir por tofu e iogurte de soja. No entanto, alimentos à base de soja não devem ser oferecidos para crianças menores de 1 ano por conta de alguns componentes, como os hormônios vegetais e o alumínio, que podem não ser seguros para crianças nessa faixa etária.

Rafaela Antunes, 17 anos, faz dois anos que é vegetariana. “Eu resolvi parar de comer carne, pois não concordo com os problemas que essa indústria de gado de corte projeta no mundo. Com relação ao consumo de animais aquáticos, escolhi não compactuar com a falta de preocupação com o ecossistema, como problemas que vão desde a devastação dos corais até a escravidão ligada a esse tipo de comércio, além do fato de amar animais e não querer ser causadora dos sofrimentos desses seres vivos”.

Para suprir a proteína, Rafaela consome muitos alimentos que tenham essa macromolécula biológica como o feijão, a lentilha, o grão de bico, entre outras coisas. Mas também faz um suplemento vitamínico com cápsulas.

Segundo a nutricionista, é preciso ficar atento a Vitamina B12, ferro e cálcio, pois a dieta vegetariana não oferece nenhum risco ao desenvolvimento das crianças e adolescentes, desde que seja feito um controle das taxas de nutrientes no sangue. É este também o parecer do Conselho Regional de Nutrição de São Paulo, que atesta que “as dietas vegetarianas, quando atendem às necessidades nutricionais individuais, podem promover o crescimento, desenvolvimento e manutenção adequados e podem ser adotadas em qualquer ciclo de vida”.

Autor Redação Mães de Jundiaí

Redação Mães de Jundiaí

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