Especial Dia das Mães: Adoção tardia, uma história de amor!

A História da Mãe de Jundiaí Vanessa

Há três anos eu estava em um processo de adoção junto ao meu ex-esposo. O processo ele demanda paciência, pois é dividido em várias etapas, como: cursos obrigatórios, entrega de documentos, avaliação do setor técnico do fórum, inserção do cadastro no tribunal da justiça e aí volta para o fórum do município.

Após todas essas avaliações, e quando tudo deu certo, o processo é anexado no banco nacional de adoção.

Em 2020 me separei e esse processo teve que voltar 40% para trás. Tive que passar pelas avaliações e esperar o Ministério Público dar a favor o meu pedido de adoção sozinha… Também deu tudo certo.

Em fevereiro de 2021, tive ligação do fórum, setor técnico para adorar uma menina, mais o meu coração não preenchia no sentimento a cada reunião que fazíamos referente a essa possibilidade. Coincidentemente, também não tinham foto o que me fazia mais curiosa, queria ver.

Por essa razão, em um belo dia, fui vasculhar o Google sempre com buscas de visualizar crianças que estão para adoção e na esperança de achar a menina.

Vou contar, porque é legal e muitas pessoas não sabem: todas as crianças que adquirem uma idade mais avançada e fogem dos perfis de pretendentes inseridos no CNA (Cadastro Nacional de Adoção), o fórum da cidade pode tornar a imagem dessas crianças visíveis.

Lembra de um desfile que ocorreu em Brasília, se não me engano, em um shopping, onde as crianças que moravam em um abrigo desfilaram? No período  diziam que elas estavam sendo expostas como mercadoria, mas não. A justiça estava tentando expor a imagem dela, para que outras pessoas pudessem se afeiçoar e talvez, trazer para  essas crianças a oportunidade.

Nessa busca  pela foto da menina, achei um vídeo bem simples, de 2 minutos e fui na expectativa de ver a foto dela… Não tinha.

O que ocorreu, é que nesse vídeo, havia um menino, o Del, um garoto de XX anos, que no mesmo minuto em que vi meu coração explodiu… um sentimento nunca vivido, sentido, não sabia explicar. Passei um fim de semana com ele na cabeça.

Na sequência desse fim de semana eu ia ter um encontro com a menina no período da tarde, de forma virtual. Não rolou.

Bem cedinho liguei no fórum e pedi para não seguir com a tentativa de conhecer a menina, mas que eu queria muito saber sobre o Del e que também não sabia explicar o que nele me preenchia, me trazia aquele sentimento. Era só uma fotinho no vídeo que me trazia todas as certezas do mundo.

Pedi para avaliarem o processo dele, pois não sabiam como estava, e avaliar a possibilidade em conhecer a história dele. Foi aí então que começou…

O Del é filho do meio de sete irmãos. A mãe mora em São Paulo. Tem uma vida de rua. Abaixo do Del possuem mais três irmãos, menores de idade.

Em 2017, houve alguma denúncia do abandono e eles foram recolhidos em um abrigo em São Paulo. Por lá ficaram dois anos.

Creio que retornaram para casa de origem por pouco tempo, pois em abril de 2019 foram acolhidos aqui, novamente abandonados. Mais dessa vez em Jundiaí. Os três irmãos mais  novos estavam sozinhos em uma casa e o Del estava em uma casa de alguém por perto dos irmãos.

No ato do recolhimento, todos estavam sozinhos e a mãe pela rua. Os irmãos mais novos que ajudaram a encontrar o Del e desde então estavam no abrigo.

Só decorrer dos anos, ficou evidente o abandono da mãe biológica e então o juiz determinou a destituição familiar.

No decorrer do segundo semestre de 2020 os irmãos do Del foram aproximando de famílias e rolando a adoção. Até dezembro os três foram adotados, um por cada família  até mesmo porque na destituição familiar eles manifestaram o desejo de serem adotados sozinhos, pois sabiam que eram um grupo de irmãos com mais idade.. A mais nova tem sete anos.

Aí  ficou o Del…que era para ser pra mim, desde o nascimento dele, 29/03/2006… Só levamos tempo para esse encontro. A alma já estava unida.

Pedi então para conhecer a vida dele e foi concedida… de início foi difícil, pois estávamos no ápice do crescimento de casos Covid. Logo, começamos a nos aproximar por vídeo.  Já no primeiro encontro que rolou,  ele estava a vontade e eu também! Passamos duas semanas nessa situação até que liberaram o nosso primeiro encontro físico.

Não tenho palavras para descrever. A emoção que foi. Ali, no primeiro abraço já sabia que seria para sempre.

Desse momento para frente a nossa relação só cresce. Ele é um menino tranquilo, dengoso, carinhoso, caprichoso, participativo…

A nossa relação está baseada em 3 pilares: confiança,respeito e amizade.

Ele tem contato com os irmãos, todos bem sucedidos com as famílias. Frequentemente nos encontramos para vivermos todos juntos.. É sensacional… Parece aquelas famílias italianas, meses grande.. com as crianças indo e vindo.

Autor Redação Mães de Jundiaí

Redação Mães de Jundiaí

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