Especialista do Hospital Universitário fala sobre o Setembro Amarelo

Foto: Freepik

Setembro é o mês mundial de prevenção do suicídio, chamado também de Setembro Amarelo. Atualmente, o suicídio é a segunda principal causa de morte entre jovens com idades entre 15 e 29 anos. Todos os dias, pelo menos 32 brasileiros tiram suas próprias vidas. Cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos, isso representa um a cada 40 segundos. De acordo com Dr. Márcio Ueda, psiquiatra do Hospital Universitário de Jundiaí, todos esses números poderiam ser evitados ou reduzidos consideravelmente se existissem políticas eficazes de prevenção do suicídio, pois se trata de um problema de saúde pública.

O assunto ainda enfrenta grandes dificuldades na identificação de sinais, na busca pela ajuda e na falta de informação. O principal objetivo da campanha Setembro Amarelo é a conscientização sobre a prevenção do suicídio, buscando alertar a população a respeito da realidade da prática no Brasil e no mundo.

Dr Márcio reforça que devemos ter atenção com relação ao comportamento suicida que consiste na ideia de querer se matar, ter um planejamento para o ato suicida e uma intenção com tentativa. “Existem parâmetros de risco de suicídio em alto grau em indivíduos mais sozinhos, quando a previsibilidade é baixa, quando há comorbidades de transtornos mentais, quando seu juízo de realidade está comprometido, com grande impulsividade, quando há desesperança e sem perspectiva de vida, grande sensação de desamparo, a comunicação e interação social é pobre ou ambivalente, quando não há suporte familiar e o ambiente que convive é muito estressante” acrescenta o psiquiatra.

A depressão está dentro dos transtornos de humor e chegam a um percentual de 35,8% , sendo a comorbidade mental mais frequente associada ao suicídio. “A Depressão é uma doença multidimensional, isto é, não é só tristeza que o define, mas um padrão difuso caracterizado por um estado que perdura por semanas a meses, com sintomas como humor deprimido, perda de prazer e interesse, sensação de cansaço, dificuldade de concentração, ruminação de pensamentos negativos, de desesperança, sentimento de culpa, alterações do apetite, distúrbios do sono, podendo ter ideações suicidas, diminuição das atividades, além de estar associado a ansiedade e sintomas somáticos”, reforça o psiquiatra.

No adolescente pode ter uma característica diferente do adulto. “Eles podem apresentar revolta, irritabilidade, agressividade,  ser desafiador, querer colocar sua vida em risco e baixo rendimento escolar”, explica dr. Ueda.

O psiquiatra reforça que é preciso encaminhar para os profissionais de saúde precocemente, como psiquiatras e psicólogos ou instituições como CAPS que tem uma equipe multidisciplinar pronta para o acolhimento e tratamento.

Os suicídios podem ser evitados. Algumas medidas podem ser tomadas pela população para prevenir:

            ⁃          Redução do acesso aos meios utilizados (armas de fogo, substâncias tóxicas como pesticidas, certas medicações)

            ⁃          Cobertura responsável pelos meios de comunicação por causa de informações negativas que podem incitar o suicídio (efeito Werther) .

            ⁃          Introdução de políticas que podem reduzir o uso nocivo de álcool e drogas

            ⁃          Identificação precoce, tratamento e cuidados de pessoas com comorbidades psiquiátricas (depressão, síndrome do pânico, transtorno bipolar, dependência de substâncias, transtorno de estresse pós traumático, abuso sexual, esquizofrenia, etc)

Encaminhamento para as seguintes instituições:

            ⁃          Pronto Socorro (quando há tentativa de suicídio) com risco iminente de vida

            ⁃          CVV – 188 (ligação para o Centro de Valorização da Vida)

            ⁃          CAPS (Centro de Atenção Psicossocial

            ⁃          Ambulatório de Saúde Mental

Jamais ignore a situação de uma pessoa com comportamentos e pensamentos suicidas. Não entre em choque, fique envergonhado ou demonstre pânico. Não tente dizer que tudo vai ficar bem, diminuindo a dor da pessoa, sem agir para que isso aconteça.

A principal medida é não fazer com que o problema pareça uma bobagem ou algo trivial. Não dê falsas garantias nem jure segredo, procure ajuda imediatamente. Principalmente, não deixe a pessoa sozinha em momentos de crise nem a julgue por seus atos.

Dr Ueda finalizou reforçando que é importante que a pessoa que está em volta nunca tente salvar o indivíduo sozinho, e sim, levá-la a algum especialista de saúde mental que esteja mais capacitado.

Autor Redação Mães de Jundiaí

Redação Mães de Jundiaí

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