Relato sobre o autismo na vida da minha Leo

A Leona foi uma escolha de Deus, desde a concepção eu lutei por ela sozinha, e no dia do seu nascimento lá estamos nós duas uma olhando pra outra e experimentando pela primeira vez o maior e mais verdadeiro amor. 

Quando bebê foi um dos bebês mais lindos da maternidade, as enfermeiras vinham a todo momento visita lá…rs Juro…Já era uma estrelinha…mas em seu dia a dia e rotina de desenvolvimento percebemos que algo não estava indo bem.

A Leona era muito isolada, não gostava de contato físico, brincadeiras comuns não eram com ela, andava nas pontas do pé desde os 11 meses, não respondia quando era chamada…era como se Leo… Leleo ou Leona não fossem os apelidos e nome dela e sempre que queria algo ela não pedia…ela nos levava até o que queria e apontava…

Mas por outro lado ela era independente…gostava de comer sozinha…nem que fosse com as mãos, tinha um gênio muito notável, sempre foi muito amorosa e carinhosa…

Chegaram seus dois anos e a fala ainda era bem escassa, as interações sociais quase não existiam e para sair a rua era no colo, não pisava no chão por nada…Então procuramos ajuda, e a todos os lugares que falo da Leo, não consigo não falar da melhor pessoa que cruzou nosso caminho, Dr. Mirella Senise, neuropediatra da Leona até hoje…

Cheguei ao consultório dela sem saber bem o que eu estava fazendo ali…e em todos os momentos ela me ajudou, foi esclarecida comigo…Ela pediu alguns exames de rotina, fez alguns testes com a Leo, e no dia de fechar o diagnóstico foi um dia do qual nunca mais vou esquecer as palavras dela: “Mamãe sua filha é autista”. 

Nisto ela me deu uns cinco minutos ali sentada na frente dela no consultório, acho que pra eu poder assimilar a informação…por que gente a unica coisa que vinha na minha cabeça: “autista?

Mas o que é isso…o que significa autista?”

Eu (assim como muita gente HOJE) não sabia o que era o autismo…e por isso…imaginei N coisas e situações e chorei…nossa como chorei…Mas a Dra. Mirella continuou: “Mamãe vou te passar algumas informações sobre o autismo mas o mais importante é a aceitação, por que agora ela vai precisar de acompanhamentos”.

Sai de lá derrotada como se fosse o fim do mundo…mas com alguns retornos, conversas e pesquisas sobre o autismo, vi que realmente não é um bicho de sete cabeças, eu consigo hoje ver o mundo pelos olhos da minha filha e assim consigo auxilia la onde vejo que há dificuldades…Claro que sempre preciso de ajuda…pois a Leona não vive em uma bolha…longe muito longe disso, eu quero que ela tenha amigos, sendo eles crianças ou adultos…(por que a Leona prefere adultos a crianças desde sempre) rs

Eu quero que ela seja amada e respeitada como ser humano, quero que entendam que ela tem suas limitações…afinal quem não tem…não é?

Hoje minha Leo fala 4 idiomas dos quais aprendeu sozinha na tv, tablet e celulares…rs. Faz esculturas de massinha manuais sem ajuda de ferramenta nenhuma… esculturas ricas em detalhes…Ela não gosta muito de ler…Mas a fala dela é rica e correta…nada de gírias…nem de erros de português como: ‘descer pra cima’, ‘estava havendo’, ‘probrema’…

Também não gosta de matemática…mas faz…rs. E gente como adora comer…rs é difícil com algumas comidas…mas experimenta…Tenho dificuldades com ela no dormir…ela é muito agitada…então durante a noite ainda quer conversar, correr pela casa, assistir…A Leona já fez uso de algumas medicações… Mas hoje por escolha minha “que a Dr.Mirella não leia este relato” ela não faz mais uso de nenhuma…E a única dificuldade que ainda encontro é o sono mesmo…rs

Com as férias escolares ela fica mais agitada mesmo…por que na escola ela gasta energia e em casa…só tv e comida…rs

Este ano com mais ou menos 20 dias para o fim das férias…ela mencionou por dois dias seguidos o nome da professora de apoio dela Ellen (a Leo tem este apoio escolar desde o 1 ano do ensino infantil todo ano muda de professor, oq é ruim porque os autistas têm toda uma rotina de aceitação e vivência) e foi aí que eu percebi q era a saudade falando…por que a Leo não fala de sentimentos…mas sou mãe né…e se eu não entender…quem entende? Entrei então em contato com a Ellen e a convidei pra visitar a Leo…ela aceitou claro…sei de todo o amor e cuidado que ela tem com minha filha…confio e a respeito como mãe e profissional excelente q ela é…

A Leo teve alguns problemas ano retrasado na escola, atrasando assim o seu desenvolvimento…mas ano passado conhecemos a Ellen que se dedicou incansavelmente a nossa Leo…e os resultados são claros…Quando a Ellen  aceitou, sei lá, me deu um estalo do poque não convidar também os amiguinhos de sala e suas mães…

Assim surgiu o #cafecomaléo muitas mães se solidarizaram (teve uma repercussão que eu não esperava e só me deu mais forças ainda pra conscientizar as pessoas sobre o autismo e inclusão) e juntas fizemos um encontro cheio de comida (que a Leo adora) e muitos amiguinhos…novos e antigos…conheci mães espetaculares…teve roda de conversa, abraços, risos e choros…

Acreditem que teve até “cobertura pela TV” que não fui eu que fui atrás…A repercussão foi tanta que eles me ligaram e vieram…O amor que sinto pela minha filha me faz fazer TUDO por ela…coisas simples como uma café em casa…até coisas que eu nem estava preparada: dar entrevista a TV falando de Inclusão…Eu só tenho que afirmar aquela frase que dizem: Os filhos são a engrenagem principal que move a vida dos pais. 

“O autismo não nos define e sim nos une” 

Depoimento enviado por Tatiane Santos, mãe da Leona

Autor Redação Mães de Jundiaí

Redação Mães de Jundiaí

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *