Slow Parenting: O conceito que faz os pais pisarem nos freios

Pais não devem ter pressa com o dia a dia dos filhos (Imagem da Internet)

Desacelerar é a palavra de ordem quando se fala de Slow Parenting (Pais Sem Pressa), um conceito que começou nos Estados Unidos, foi difundido na Europa e ganha cada vez mais adeptos no Brasil, dentre eles está a publicitária Clarissa Belotto Pellizer, 34 anos, mãe da Manuela, quase 5 e Valentina de 1 ano.

Ela conta que quando a sua filha mais velha fez 2 anos, estava passando por um momento bem conturbado no ponto de vista profissional, estava quase surtando, então sua mãe falou sobre um evento chamado Slow Kids, o nome chamou a atenção de Clarissa que começou pesquisar até chegar no Slow Parenting.

“O conceito traduzia exatamente o valor que eu queria transmitir à minha filha, ou seja, que ela não crescesse com pressa de conseguir as coisas; que ela não vivesse sua infância esse ritmo acelerado, de quem precisa fazer tudo ao mesmo tempo, o tempo todo. A verdade é que eu não queria que o meu dia a dia tumultuado, corrido, atarefado e estressante, respingasse sobre ela”, afirma.

Segundo a psicóloga materno-infantil Raquel Benazzi é muito saudável respeitar o tempo das crianças. “É comum que os pais coloquem muitas atividades no filho para diminuir a energia deles, e conseguirem fazer algo para os próprios pais, porém descansar e relaxar fazem parte da infância”, explica. Ter um monte de atividades só faz com que a criança não sinta prazer em fazê-la, pois se torna mais uma obrigação para ela. “Os pais devem se lembrar que os filhos são crianças e que são eles que irão moldar a rotina dos filhos. Entenda que a rotina do trabalho e do dia a dia não deve ser a mesma que em casa. Respeite a hora da comida, banho e sono”.

Apesar de não conseguir aplicar 100% do Slow Parenting em casa, Clarissa diz que a filosofia está bastante presente. Ela conta que a primeira aplicação foi de fato entender que crianças realmente levam mais tempo para fazer as coisas, porque elas querem fazê-las de forma mais divertida. “Então procuro não fazer nada cronometrado, para que a gente possa brincar neste momento, contar histórias, fazer bagunça, observar a água cair do chuveiro e correr pelo ralo, isso realmente foi vida e o estresse desses momentos diminui horrores”, relata.

A publicitária também busca minimizar o uso de eletrônicos. “A Manu especialmente ama fazer atividades manuais como pintura, recorte e colagem e massinha, então trouxemos isso bastante para o nosso dia a dia”, explica e diz que usa eletrônicos, mas geralmente com um motivo, por exemplo, durante um mês foi definido que os equipamentos seriam usados para pesquisar uma curiosidade na internet. “Já pesquisamo sobre camaleão, pavão, vimos fotos, vídeos no Youtube”.

Raquel explica que hoje a vida é rodeada de tecnologia e dificulta a não exposição,  mas ainda assim é possível conviver com ela desde que se coloque limites. “É preciso colocar regras, como por exemplo, refeições sem celular para que seja possível estimular a conversa; compre jogos, vá a parques com os filhos, relembre as brincadeiras de infância, apesar da tecnologia ser mais fácil, não é o mais benéfico”, afirma.

Outra dica é também dar espaço para o ócio, segundo a especialista ele é muito importante. “Na psicologia chamamos de ócio criativo, onde a criança fantasia, brinca e realiza tudo o que deseja no brincar e relaxar”. E na casa da Clarissa sempre tem espaço para ele. “Não precisamos ter agenda lotada todos os dias, é muito comum a Manu pedir para relaxar um pouquinho, então deitamos no sofá, na cama ou no tapete e ficamos ‘de boa’, é bem gostoso”.

A publicitária acredita que a principal mudança em curto prazo foi diminuir o estresse das atividades do dia a dia. Ela passou a vivenciar as tarefas como uma oportunidade de estar mais próxima das filhas e não como uma obrigação. Já para as filhas, Clarissa acredita ter dado mais chances para que elas exercitem a criatividade e expressão. “No longo prazo acredito que estou ajudando-as a terem uma vida mais equilibrada e não entrarem nessa vida louca e estressante do mundo moderno”, diz.

Raquel ainda dá mais algumas dicas para os pais que estão interessados em colocar em prática este conceito: “Estimule o ócio criativo, compre papel, argila e organize essas atividades caseiras. Mostre ao seu filho como é bom não fazer nada e descansar. A criança é um espelho dos pais e irá reproduzir os comportamentos deles”, explica.

O pais também devem reservar um dia pelo menos para a família. “Deixe o trabalho e celular pra depois e esteja presente. Organize sua agenda para durante a semana fazer uma refeição por dia com eles e contar sobre o seu dia, e no fim de semana aproveite um período só com eles. Planeje férias em casa, na avó ou viajando. Isso traz qualidade de vida a todos”.

Autor Kadija Rodrigues

Editora do Portal Mães de Jundiaí, mãe do Raul

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