Mães de anjos – um amor à distância

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Sou jornalista, designer e imigrei pro Canadá há 5 anos. Mas sou muito mais do que apenas isso, sou mãe de dois anjos e preciso amar com um céu de distância.

Amar um filho com um céu de distância é o maior desafio da minha vida. É viver o maior amor sem poder maternar. Como diz minha terapeuta, parir do avesso e ninar o bebê apenas no coração.

É sair do hospital de braço vazio e cantar canções de ninar sozinha, e toda noite abençoar e dar boa noite em pensamento. É não poder ouvir um uma risada, ver um sorriso, acalmar um choro. É ter de se segurar em poucas lembranças. E, por tantas e tantas vezes, não ser vista como mãe.

Se você perguntar a qualquer mãe enlutada o que é perder um filho, tenha certeza de que ela irá chamar de “maior dor que já passou”, que, em muitos casos, “queria também morrer”.

A dor de perder um filho é algo que vem de dentro e rasga seu corpo, e o tempo vai, aos poucos e bastante lentamente, colando os pedaços. E não há diferença no tanto de tempo que essa mãe gestou, uma semana ou uma gestação completa, a dor vai morar ali, nela, pra sempre.

Mas será que é possível perder um filho e continuar viva? Como será que é possível colar pedaços tão pequenos? Tantas migalhas? Essa resposta eu ainda não encontrei. Ainda não estou inteira e, possivelmente, jamais estarei.

Acontece que não estou sozinha. Somos, infelizmente, muitas mães que choram todas as noites por seus colos vazios. E poder se ver em outra mãe, entender que sua dor não é solitária, é um dos primeiros passos para a cicatrização dessa feriada maior que o nosso próprio corpo.

É sobre isso que quero escrever. Por isso, quero que você me conheça e saiba da minha história. É pra poder dividir com você, mãe de anjo, a sua dor na minha. Mas, além, também responder questões práticas sobre direitos (“Mãe enlutada tem direito a licença maternidade?”), dúvidas sobre o que fazer com o leite materno após a perda de um filho, problemas de fertilidade e complicações gestacionais, se é possível e quando tentar de novo e, como poder superar o medo depois de tanta dor.

Mais do que isso, é dividir com você a sua e a minha dor, para que juntas a gente possa andar.

Como minha querida Livia Haddad me disse, vamos juntas. Um beijo enorme em você, minha querida. Eu sinto muito pela sua dor.  

Autor Stephanie Borchardt

Sou mãe de dois anjos e preciso amar com um céu de distância. Jornalista, designer e imigrei para o Canadá há 5 anos.

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