A chegada de um bebê é uma verdadeira transformação na vida de todos os envolvidos, mas principalmente para a mulher que se tornou mãe. Os primeiros meses de vida do recém-nascido exigem total dedicação daquela que é a pessoa mais importante para ele, por isso, é muito comum, e nenhum problema, a mãe se abdicar de tudo, tudo mesmo, para cuidar do seu filho.
Cabelos, unhas, depilação e até o próprio corpo são colocados em segundo plano e na mente ficam apenas as preocupações de se alimentar bem, já que você estará amamentando e precisa de vitaminas e nutrientes para assim também alimentar o seu filho, dormir o pouco que der para se manter firme, se for preciso a noite inteira, já que nem sempre o bebê está afim de dormir.
Segundo a psicóloga e coach, Daniela Silvares, esse tipo de atitude é mais do que normal. “Quando uma mulher assume também o papel de mãe é natural que por algum tempo ela simplesmente se esqueça de si mesma, uma vez que o bebê exigirá isso dela, pois dependerá 100% dos cuidados de um adulto, geralmente, a mãe”, explica.
Mas é preciso entender que ao se tornar mãe, ela não deixa de ser mulher e tem as necessidades enquanto mulher como desejos e limites. “O filho é apenas uma parte da vida de uma mulher e ela tem inúmeras esferas que precisam ser cuidadas para que se sinta, inclusive, uma mãe realizada”, pontua.
Abrir mão do ‘essencial’
É muito comum que as mães se sintam culpadas por desejarem resgatar essa mulher que foi deixada para trás após o nascimento do filho. Muitas não aceitam e se cobram, por exemplo, de deixar os cuidados com avós ou o pai para tirarem um tempinho só para elas. Entretanto essa culpa vai variar de acordo com a expectativa que ela tem de si mesma: da mãe que deveria ser, dos julgamentos que faz de si e de outras mães; dos julgamentos que faz da sua própria mãe.
“É muito importante que iniciemos esse movimento de olhar para nós mesmas, mesmo que inicialmente ainda gere alguma culpa. Dar um passo de cada vez, mas realizar esse movimento. A medida que nos autorizamos a cuidar de nós mesmas, vamos nos sentindo melhores e percebemos que a vida segue sem que precisemos fazer tudo, controlar tudo. Abrir mão desse lugar de ‘essencial’ é fundamental e nem sempre estamos dispostas a fazer isso”, explica a psicóloga.
O primeiro passo
Cada mulher deverá descobrir seu próprio jeito de cuidar de si mesma e da disponibilidade interna para fazer isso. Pode ser, por exemplo, um simples banho mais demorado ou ouvir uma música, assistir um programa que deseja e até sair com as amigas. “Nossos filhos também precisam começar a enxergar que temos nossas necessidades, que também somos felizes em outros ambientes e com outras pessoas”, afirma Daniela e completa: “Se estamos bem e felizes, certamente seremos melhores mães, melhores esposas e todo mundo ganha com isso”.
Dividir as tarefas de casa também pode ser uma grande ajuda para as mães que estão se sentindo, além de tudo, sobrecarregadas com o dia a dia. Daniela explica que deixar responsabilidades pré-definidas para que não precise diariamente ter que “pedir” para que o outro faça é muito importante já que todos usufruem da casa. Permitir que os filhos, desde pequenos, comecem a assumir algumas responsabilidades, de acordo com a idade, também é uma alternativa.
“Os cuidados com si mesma são muito importantes, mas é fundamental que essa mulher perceba que sua vida mudou, seu corpo mudou, sua realidade é diferente”, afirma. Querer voltar a vida de antes, querer ser a pessoa que era antes de um filho, simplesmente não será possível, segundo Daniela. “É preciso se perguntar quem é essa nova mulher, o que faz sentido para ela e ao mesmo tempo ter amorosidade consigo mesma e reconhecer sua beleza, independente de sua estética”.
E por fim, Daniela diz que não dá para ser tudo e fazer tudo. É preciso compreender as prioridades e o que é importante em cada fase. “Fazer aquilo que a faz sentir melhor, mas no seu tempo, com amor pela pessoa que é”
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