A jundiaiense Fernanda Manzutti, de 11 anos, embarca nesta terça-feira, 03/08, para a Espanha, às 14h35 do aeroporto de Guarulhos (SP), para iniciar o tão sonhado tratamento CAR-T CELL, o único que pode salvar a sua vida. Há um ano e meio, ela enfrenta a Leucemia Linfóide Aguda (LLA),um câncer agressivo e, há dois meses, sua família vem movimentando uma campanha em prol de recursos e enfrentando muitos outros desafios. Agora, veio a tão esperada notícia: o tratamento, que não existe no Brasil, será realizado no hospital Sant Joan de Déu, em Barcelona. A resposta de uma vaga nesse hospital chegou para a família há poucos dias e somente neste dia 2 de agosto veio a autorização da Espanha para a família entrar no país – esse era mais um desafio a ser conquistado, devido a restrições por conta da pandemia da Covid-19.
“Nosso coração está cheio de esperança e gratidão. Não conseguíamos dar antes essa notícia, porque faltava a autorização para entrada no país”, resume Melissa Manzutti, a mãe da Fernandinha. “Após respostas negativas de hospitais americanos e orçamentos ainda mais altos, estávamos consultando dois países europeus e, agora, veio a resposta positiva da Espanha”, relata, emocionada.A campanha pela arrecadação de recursos está em R$ 5 milhões. O orçamento do hospital espanhol para iniciar o tratamento fica em torno de R$ 4,3milhões – a família já pagou ao hospital uma parcela equivalente à metade – e, como nos últimos dias as condições de saúde da Fernanda se estabilizaram, ela poderá viajam em vôo convencional, não sendo necessário fretar um vôo com estrutura de UTI. A campanha pelos recursos vai prosseguir, pois a previsão de tratamento inicialmente é de três meses, mas como a doença e a resposta a terapias são sempre imprevisíveis, podem ocorrer mudanças no protocolo, nos prazos e novas necessidades podem surgir.
Fernanda já está com uma bateria de exames marcada para sua chegada ao hospital. “Desde o início da ação vemos muito amor e muita solidariedade. Não temos nem palavras para agradecer. Cada um que agiu em prol da Fernanda ajudou e é parte disso. Vamos com muita fé em busca da cura”, diz Melissa.
Desde que recebeu o diagnóstico, em fevereiro de 2020, todos os tratamentos disponíveis no Brasil foram tentados: quimioterapias e imunoterapias, sem sucesso. Família e amigos também chegaram a fazer campanha na busca por doadores compatíveis de medula óssea – no entanto, após uma fase que seria de preparo para receber um transplante, foi constatado que, para Fernanda, esse procedimento seria em vão. Em meados de maio deste ano, a equipe médica reuniu a família para apresentar a única possibilidade para cura: o tratamento CAR-T CELL, disponível apenas no exterior, mas com boas chances de sucesso.
A partir daquele momento, começou uma enorme movimentação de familiares, amigos e posteriormente famosos e outros cidadãos comovidos com a história da Fernandinha. O CAR-T CELL tem um custo muito alto e orçado de modo personalizado de acordo com a condição de cada paciente. Fernanda vinha passando constantemente por quimioterapia, com o objetivo de se manter forte para o tratamento.
Sobre o CAR-T CELL
O CAR-T CELL é um tratamento revolucionário de terapia genética que realiza uma reengenharia das células de defesa para que estas eliminem especificamente as células cancerígenas – ou seja, o próprio organismo do paciente passa a ser um remédio contra o câncer. Funciona assim: o sangue do paciente é coletado para que seja isolado um tipo de leucócito (célula de defesa) conhecido como linfócito T, um dos principais responsáveis pela defesa do organismo. O linfócito reconhece antígenos existentes na superfície de células de agentes infecciosos ou de tumores e desencadeia a produção de anticorpos – quando uma pessoa está com câncer, significa que esse sistema de detecção doenças foi driblado. Com auxílio de um vírus alterado em laboratório, um novo gene é introduzido no linfócito T extraído. Ele então passa a apresentar em sua superfície um receptor capaz de reconhecer o antígeno específico do câncer a ser combatido.
Em 2019, o tratamento foi testado no Brasil, pelo Centro de Terapia Celular, da USP em Ribeirão Preto, em um paciente de 63 anos a quem restava apenas tratamento paliativo, com expectativa de vida de no máximo um ano. Pouco mais de 30 dias depois, ele não apresenta mais sintomas clínicos nem laboratoriais da doença.
No momento não há estudos disponíveis que poderiam beneficiar a Fernandinha no Brasil.
(Fonte/Imagem: TVTec e Assessoria de Imprensa)