Desde antes da pandemia eu queria levar Beatriz para assistir DPA – A peça – Um mistério no Teatro. Não deu.
Aí veio o Covid-19 e a cultura fortemente afetada. Há meses estamos presas em casa, seis meses para ser bem exata. E depois de lives, lives e mais lives, a cultura começa a achar novas alternativas e o Drive In foi uma delas.
Confesso, eu ainda estou bastante reticente de sair. Só fiz para casos de serviços – completamente – essenciais e emergenciais. Há alguns sábados tenho levado Bia para dar uma volta de bike pelo bairro. Nenhuma alma na rua, um pouco de segurança e ar pra respirar. Quem mora em apartamento consegue entender a real necessidade disso.
Em agosto vi a notícia do DPA Drive In. Era em São Paulo e os ingressos tinham se esgotado. Fiquei em alerta para uma nova sessão. Não tinha. Mas eles estariam em Campinas e Sorocaba.
Vou falar uma coisa. Eu comprei o ingresso pra Campinas. “Bia, vai ser seu presente de dia das crianças!”
O valor não é acessível para boa parte da população e poucos sabem o quanto eu me esforço para manter as contas em dia por aqui. Mas a gente precisava disso!
Vamos começar do começo: eu AMO o Gloob. De DPA e Bugados, digo que hoje são os melhores programas para a idade da minha filha (ela faz 7 anos em novembro). E ela queria há tempos ver a peça. Ela mereceu. Eu trabalhei e pronto. Nos demos o direito de sermos felizes, mesmo que apertando as contas um pouquinho (com muita sabedoria sempre!).
A peça é maravilhosa e eu não vou dar spoilers. O que eu vou contar aqui é que, pra começar, ficamos bem na frente do palco. E isso nos deixou extasiadas pois saímos de Jundiaí achando que o drive estaria lotado e seríamos os últimos a chegar por conta da distância. Erramos a entrada e ainda assim, ali, bem na frente.
No final, as considerações dos atores. Quando Dona Leocádia (Claudia Netto) agradeceu e falou da pandemia e de pais e filhos presos em casa, eu não aguentei. Fiquei extremamente emocionada. Só quem está passando por este momento com filhos pequenos em casa sabe a dor que sentimos diariamente por vê-los sem poder brincar com outras crianças, sem abraçar os colegas e professores, sem ficar perto da família algumas vezes.
Eu penso nisso diariamente. O quanto está sendo tirado de nós. Não há ‘culpados’, mas é muito difícil para nós, como pais, passar seis meses (ainda sem previsão de fim).
Eu me emocionei. O Bento (Anderson Lima) viu – lembra, a gente estava ali na frente deles – e comentou com a Sol (Letícia Braga). Fiz corações e agradeci! Eles podem ter uma ideia, mas não sabem realmente o quanto aquele momento de um sábado de manhã muito ensolarado me fez bem! Proporcionar aquele momento para minha filha, fã da série, e para mim, que também sou fã da série mesmo com 37 anos, foi como ganhar um presente de Natal.
Então, sim, eu chorei! Chorei porque realmente não está fácil pra ninguém. Chorei porque é emocionante poder ver a cultura se adaptar. Chorei porque eu acho estes atores incríveis! Chorei por poder fazer minha filha feliz por 2 horas.