Um estudo do departamento de Transtornos Sexuais Dolorosos Femininos da Universidade de São Paulo (USP) mostrou que 55% das brasileiras não têm orgasmos durante o sexo. Privadas da sensação proporcionada por esse momento intenso de prazer, elas ainda vivem sob os efeitos da repressão sexual. Sim, em pleno século 21, algumas mulheres ainda não se permitem ou não conseguem saber o que é o orgasmo.
Segundo especialistas, a lógica “falocentrica” prevalece erroneamente quando se trata de sexo, ou seja, a penetração é a principal forma de se ter prazer. Entretanto, de acordo com pesquisas realizadas, ela está em quarto lugar no quesito de sexo mais prazeroso, atrás do oral, da estimulação do clitóris pelo parceiro e da masturbação. De acordo com Lelah Monteiro, sexóloga e psicanalista, “ainda há muita dificuldade da mulher se permitir e se entregar. O orgasmo é um percurso e as pessoas precisam render inteiramente o seu corpo, parar de racionalizar tanto. Então, por isso que ainda é tão difícil”. A falta de comunicação entre os parceiros é outro fator que dificulta o prazer. A mulher precisa buscar informações sobre sua vida sexual, explorar o seu corpo e ter um diálogo franco com o companheiro. A sexóloga acredita que, atualmente, as mais jovens têm mais facilidade e liberdade para abordar a questão. Movimentos coletivos em prol da busca pelo prazer e da libertação de preconceitos têm colaborado para mudar um pouco a realidade. Para Lelah, é fundamental, reitera, “existir permissão e entrega. Permitir que o seu corpo tenha satisfação, entregando-se totalmente ao momento. “Para alcançar o orgasmo, sinta tudo o que o seu corpo é capaz de proporcionar e absorva o máximo de prazer da sua relação com ele”.
Muitas mulheres mais velhas, frutos de uma educação repressora, talvez nunca tenham conhecido o orgasmo. Se estão aprisionadas a um relacionamento não satisfatório há muitos anos, acreditam que é assim mesmo. Outras, com a separação, partem em busca do prazer desconhecido e acabam por encontrá-lo, muitas vezes nos braços de companheiros mais jovens. Os homens maduros, por sua vez, quando investem em uma nova relação, procuram oferecer à nova parceira momentos inesquecíveis, principalmente se for mais jovem. É o caso de Mirella G., estudante universitária de 26 anos, há seis meses em um relacionamento sugar. “Estava cansada dos caras da minha idade, preocupados com a sua própria satisfação, esquecendo que eu também estava ali naquele momento. Fiz o meu cadastro como sugar baby no MeuPatrocínio, por desejar outras coisas além do sexo com um homem mais maduro. Conheci Márcio e tudo tem sido maravilhoso desde o início! Ele tem 52 anos e muita vitalidade. Mas, a questão principal é que ele se preocupa com o meu prazer e não mede esforços para me proporcionar. É claro que existe uma atração muito forte entre nós, não só física, e acho que isso contribui para que eu me sinta totalmente entregue. Não há comparação ente o meu daddy e os meus outros namoradinhos. Acho que a experiência conta muito também, mas, acima de tudo, o desejo de satisfazer a mulher”.