Existem opções mais saudáveis para a correção das crianças sem o uso do castigo? Muitos não acreditam, porém há maneiras de educar a criança sem resultar em medo e de forma com que ela compreenda os motivos do não e aprenda a administrar as suas emoções.
“Quando um pai ou uma mãe dizem que são contra o castigo, muitos não entendem e acham que não pode existir educação sem castigar. Mas a verdade, é que tem como você corrigir uma criança de um forma mais respeitosa e afetiva e ao mesmo tempo favorecer a sua educação” – explica Luciana Moreira, educadora e brinquedista na Brinquedoteca Itinerante Colônia do Brincar.
Além disso, a profissional diz que é importante não deixar a criança sozinha após o mau comportamento. Quando é aplicado o castigo, normalmente a criança fica isolada em algum ambiente, o que causa sensações de abandono no exato momento onde ela mais precisa de apoio e acolhimento. O ideal é ficar junto da criança para protegê-la do perigo físico ou moral e assim que o mau momento passar oferecer a ela as explicações de qualidade que ajudarão a evitar o erro da próxima vez e ser melhor.
A inspiração de Luciana para auxiliar os pais e educadores na educação das crianças vem da pedagogia logosófica, que valoriza a parte sensível e o vínculo afetivo entre educadores e pais para a formação integral das crianças. “Temos que pensar que a criança possui uma linguagem diferenciada dos adultos, a forma como ela se expressa muitas vezes não é compreendida. As atividades lúdicas que ensino no curso ‘Brincar é coisa séria!’ visam que os responsáveis possam conseguir uma correção mais assertividade e afetiva em suas atitudes, pois a forma como tratamos as crianças será a impressão mais forte que ficará em sua vida e essas referências positivas são essenciais para educá-la para a vida e não apenas para o momento”, explica a educadora.
Para exemplificar como é possível colocar em prática a ideia, a profissional separou algumas Atitudes Lúdicas para conversar com a criança de maneira assertiva, educativa e sem o tão temido castigo.
Mural das emoções: É uma atitude lúdica para ensinar a alfabetização emocional. Geralmente a criança não sabe nomear e nem reconhecer as suas e por isso o mural pode ter emojis impressos, para que os tutores ajudem a criança a expressar qual o sentimento que a representa naquele momento, desta forma ela irá aprender a interpretar o que está sentindo e qual a melhor forma de administrar esta emoção.
A cor do acordo: Experiência visual para mostrar à criança a importância da conversa e de ouvir as duas partes. A pessoa ouve a criança sobre o que ela quer ou não fazer, após isso ela também ouve o que eles esperam dela. Feito isso um com a tinta amarela e outro com a tinta azul, misturam ambas, gerando a cor verde. Exemplificando de forma visual que mesmo com opiniões diferentes ambas expectativas podem ser unidas para chegar na cor da conciliação.
Casa Mental: Montar com item reciclável uma casinha, que é igual a mente e da mesma forma que não devemos deixar entrar qualquer pessoa, não devemos deixar pensamentos ruins na mente. Pode ser feito por meio de papéis com sentimentos escritos, colocando na casinha o que pode entrar e tirando e evitando o que não pode.
Semáforo de evolução: Utilizando as cores do semáforo vamos avaliando junto com a criança o seu comportamento. Desta forma ela percebe que pode melhor em tudo e que o mau comportamento do momento não a representa como um todo e nem a defini. A cor vermelha identifica o mau comportamento, a amarela as atitudes que precisam de atenção para não repetir e a cor verde é sinal de que está indo no caminho certo e que pode continuar no esforço de ser cada dia melhor.
Obediência inteligente: Essa parte pode ser aplicada juntamente com as alternativas anteriores, onde é explicado que a obediência deve ser por amor, a sua vida e aos princípios de bem e proteção. Além disso é importante não abandonar a criança quando ela desobedece, cometendo um erro e usar a enérgica doçura que é quando corrigimos a criança sem perder o nosso controle emocional evitando assim atitudes de violência.
As maneiras de educação podem ser diferentes, mas são sempre unidas por algo maior: O amor e mãe de todas as virtudes: a bondade. “Todas as atividades devem ser feitas em um melhor momento para que a criança esteja em condições de assimilar o que lhe é ensinado através das dinâmicas favorecendo que tenha “pensamentos pensados” para quando a situação ocorrer novamente e assim poder superar o seu comportamento em relação ao anterior”, complementa a educadora.