Por Dr. Leopoldo Cruz Vieira
O aleitamento materno ajuda a prevenir doenças e evitar mortes infantis. A constatação vem sendo feita há décadas, o que contribuiu para o estabelecimento, em 1992, do dia 1° de agosto como Dia Mundial da Amamentação, bem como a criação da Semana Mundial do Aleitamento Materno, que ocorre em 120 países, entre 1º e 07 de agosto. A data foi criada visando a promoção do aleitamento materno e a criação de bancos de leite, para auxiliar mães que não puderam amamentar por situações especiais.
A constatação benéfica mais recente é a de que amamentar aumenta a prosperidade econômica. A interrupção da amamentação custa, diariamente, quase US$ 1 bilhão (aproximadamente R$ 3,76 bilhões) ao mundo, devido à perda de produtividade e custos com saúde. É o que diz a pesquisa recente feita por cientistas da Austrália e da Ásia com pessoas de mais de 100 países, intitulada “O custo de não amamentar”.
Foi estimado que o mundo poderia poupar US$ 341 bilhões por ano se as mulheres pudessem amamentar seus filhos por mais tempo. Este estudo levou 6 anos e foi apoiado pela iniciativa americana de nutrição infantil “Alive & Thrive”.
As questões da amamentação envolvem não só o ato de amamentar, como também os problemas sociais, econômicos e cotidianos que impedem, restringem, ou dificultam a amamentação de maneira adequada. Entre os principais, estão o apoio dado por governos e empresas a gestantes e funcionários que precisem auxiliar a esposa no período de nascimento do bebê.
Entra na conta também a situação econômica dos lares, do país, a nutrição da mãe e do bebê, o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal dos pais e o tempo que a mãe pôde amamentar. Como se não bastasse isso, há um tabu recorrente em muitos países quanto à amamentação em público.
A amamentação é a principal fonte de nutrientes para o desenvolvimento dos bebês, garantindo proteção contra infecções respiratórias, evitando casos de diarreia e seu agravamento, além de diminuir riscos de alergia. Pode também prevenir que a criança tenha diarreia e pneumonia, duas grandes causas de morte infantil. Protege as mães contra câncer de mama e de ovário e diminui nelas os riscos de morte por artrite reumatoide.
Nos primeiros seis meses de vida, a alimentação deve ser apenas via aleitamento materno. Após o período de seis meses, outras substâncias podem ser oferecidas à criança, ressaltando que o máximo possível de comidas naturais deve estar incluída nesta primeiras dietas. Vários estudos sugerem que crianças devem ser alimentadas com leite até, pelo menos, os três anos de idade. Estima-se que cerca de 820 mil mortes infantis com menos de cinco anos poderiam ser evitadas a cada ano se a recomendação fosse seguida.
A fase de aleitamento materno envolve os primeiros 1000 dias de vida do bebê. Ele recebe, através dela, nutrientes necessários para o desenvolvimento cerebral (como ômega 3) e, principalmente, permite o vínculo com a mãe, imprescindível para a formação cognitiva. A amamentação precisa ser incentivada, defendida, promovida e protegida.
*Dr. Leopoldo Cruz Vieira é ginecologista obstetra e mastologista do HSANP.