Tenho um filho de 12 anos, o Lucas. Luz da minha vida. Fruto de um relacionamento antigo. O meu melhor presente. O meu primeiro.
Toda a vida quis outro filho. Toda a vida. Quem me conhece, sabia muito bem desse meu desejo. Mas tudo acontece na hora certa. No tempo certo. Eu e meu marido estávamos tentando ter um filho a pelo menos uns 2 anos, talvez mais. Não que eu tivesse desistido, mas parei de criar expectativas e me frustar. Então, desencanei. E relaxei.
E foi ai que aconteceu.
No início de novembro de 2018, próximo ao meu aniversário, me descobri grávida e foi a maior alegria da vida. Era muita alegria.
Em fevereiro descobrimos que vinha mais um menino. O Miguel. Nosso Miguel. A gravidez estava correndo tudo bem, até o dia 14 de março, quando, em um ultrassom morfológico, descobrimos um alteração cerebelar. Até ai, não sabíamos o tamanho da gravidade da situação. Minha obstetra tão sensível, sugeriu novos exames para um diagnóstico melhor. E foi ai que me vi dentro de um buraco frio e escuro.
O nosso Miguel foi diagnosticado com mielomeningocele, , também conhecida como espinha bífida aberta, é uma malformação congênita da coluna vertebral da criança em que as meninges, a medula e as raízes nervosas estão expostas. … Mielomeningocele é o tipo mais comum e também a mais grave
Logo no dia do diagnóstico, na clinica, a Dra. Sabrina nos falou sobre o Dr. Stephanno e também do Dr. Moron, especialistas em cirurgia fetal e os pioneiros no Brasil se tratando desse tipo de intervenção. As 20h desse mesmo dia, estávamos entrando no consultório do Dr. Stephano, que prontamente nos atendeu.
Não pensei duas vezes. Em nenhum momento questionei. Eu queria operar logo, para salvar a vida do meu filho.
É uma história longa, que passou em apenas duas semanas. Entramos com advogado, com liminar para o plano de saúde poder cobrir os custos altíssimos da cirurgia (cirurgia de céu aberto), correndo contra o tempo, pois eu teria até 27 semana de gestação para poder passar por isso. Eu estava com 26 semanas já.
Foi uma luta cansativa, dura. Mas enfim a cirurgia foi marcada para o dia 13 de abril de 2019. Hoje, estou aqui, já voltei para casa. A recuperação é lenta e demorada. Um corte enorme na barriga, repouso absoluto para poder guardar o Miguel no forninho e esperar. Correndo o risco de entrar em trabalho de parto a qualquer momento. Mas feliz e satisfeita, pois não poderia ter feito escolha melhor.
Eu fico imaginando que muitas pessoas (eu mesmo não imaginava), desconhecem esse tipo de medicina. Pouco-se ouve falar. E quando a gente mais precisa, quando a gente se vê lá no fundo, ouvir histórias de que vale a pena e de que deu tudo certo, com certeza nos tranquiliza e nos deixa mais confiantes.
Maria Lucia Palmieri, mãe do Lucas e do Miguel