Dados divulgados no ano passado pela Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) em parceria com a Rede Brasileira de Pesquisa em Mastologia demonstram que o percentual de cobertura mamográfica de 2017 nas mulheres da faixa etária entre 50 e 69 anos, atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), é o menor dos últimos cinco anos. Eram esperadas 11,5 milhões de mamografias e foram realizadas apenas 2,7 milhões, uma cobertura de 24,1%, bem abaixo dos 70% recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). “No Brasil e no mundo, uma em cada oito mulheres será diagnosticada com câncer de mama durante a vida. No entanto, as taxas de cura são crescentes e maiores do que nunca. Quando pensamos em como ter mais chances contra o câncer de mama, imediatamente falamos na mamografia. Por isso, esses dados são alarmantes”, afirma a oncologista de Campinas-SP Vivian Castro Antunes de Vasconcelos, do Grupo SOnHe – Sasse Oncologia e Hematologia.
Em 5 de fevereiro comemora-se o Dia Nacional da Mamografia. A data foi instituída em 2012, a partir do Projeto de Lei da Senadora Maria do Rosário (PT-RS), e tem como objetivo sensibilizar mulheres sobre a importância de realizar o exame para a detecção precoce do câncer de mama, uma das principais causas de morte entre mulheres no Brasil. “Foi graças aos esforços incansáveis feitos por médicos, engenheiros, ativistas e políticos que a mamagrafia atingiu seu fundamental papel na saúde feminina, resultando em significativa redução no risco de morte por câncer de mama”, conta Dra. Vivian.
Para celebrar a data, a oncologista traçou uma breve linha do tempo sobre o exame que salva vidas:
– Nos últimos 100 anos, avanços tecnológicos significativos ocorreram para ajudar os médicos no diagnóstico precoce do câncer de mama, aumentando assim as chances de cura, com notórios mais de 30% de redução no risco de morte pela doença.
– Em 1913, dezoito anos após a descoberta do raio X, em 1895, Dr. Albert Salomon, um cirurgião alemão, iniciou um estudo em que usou esses raios recém-descobertos em 3.000 mastectomias, correlacionando o tecido cancerígeno já conhecido dessas amostras de mama às radiografias tiradas do mesmo seio. “Ele descobriu microcalcificações e outras alterações nas imagens que estavam associadas ao câncer de mama. Foi da junção dessa brilhante ideia, com a não menos revolucionária descoberta do raio X, que surgiu a ferramenta que mudaria para sempre a história do câncer mais prevalente nas mulheres”, exalta.
– Em 1949, Raul Leborgne, um radiologista do Uruguai, apresentou à comunidade médica a técnica de compressão da mama, que trouxe uma avaliação bastante melhorada, inaugurando o que chamamos de mamografia moderna. “A partir daí, os avanços jamais pararam e os esforços de cientistas de diversos países resultaram em consecutivos aperfeiçoamentos da tecnologia”, completa.
– Na década de 60, o homem pisou na Lua pela primeira vez e mulheres do mundo todo receberam as primeiras unidades de mamografia disponíveis para a sua mais importante prevenção. “Certamente, foi um grande marco da história da saúde feminina, e nos faz pensar que as mulheres também tiveram sua verdadeira ‘Apollo 11’ naquela mesma década”, compara.
– Em 2000, foi aprovada a primeira unidade de mamografia digital e, uma década depois, veio a tecnologia de imagem de mama 3D, que rapidamente se mostrou superior à imagem digital e é amplamente utilizada hoje. “À medida que a tecnologia avançou, a imagem digital tornou-se o método preferido de imagem da mama, por ser realmente ainda mais eficaz”, conclui Dra Vivian.
Cuidando de sua própria saúde
De acordo com a Dra. Vivian, os médicos e os cientistas entendem cada vez mais sobre o câncer de mama. Mas, atualmente as mulheres também sabem mais sobre a mamografia. “Há um foco crescente em capacitar as mulheres para que participem de forma ativa no gerenciamento de sua própria saúde e em aumentar a disponibilidade de acesso aos aparelhos de forma uniforme, para que a mamografia continue, todos os dias, mudando positivamente a história de mulheres ao redor do globo todo”, finaliza.