Eu sempre sonhei em ser mãe. A maternidade fazia parte dos meus planos, assim como entrar vestida de noiva em uma igreja. Acontece que com o passar dos anos alguns sonhos se perdem no caminho, chegam outras prioridades e quando você percebe os planos ficaram no passado.
Priorizei minha carreira, me formei em jornalismo, dediquei alguns bons anos ao “hard news”, então não tinha tempo para quase nada, nem fins de semana, nem feriado, nem Natal, nem Ano Novo. Como é que neste momento da minha vida eu poderia criar uma criança? Deixei para depois.
Ao conhecer meu atual marido ganhei dois enteados, gêmeos, fruto do seu primeiro relacionamento. Atualmente estão com 15 anos, mas os conheci ainda pequenos. Apesar de não conviver diariamente com eles, comecei a colocar na minha cabeça que estava bom assim, tínhamos uma família, apesar de sempre ter deixado claro para ele que eu queria ser mãe, mas neste momento da minha vida eu realmente tinha “deixado para lá” de vez uma possível gestação.
Mas como os nossos planos não são nada perto dos planos de Deus, em outubro de 2016 percebi que minha menstruação estava atrasada, mas como isso já havia acontecido em outro momento achei que era encanação e que logo ela daria as caras. Passou um mês e nada. Fora o atraso, não sentia absolutamente nada, então não havia levado em consideração a possibilidade de estar grávida.
Foi só depois de ouvir um conselho de uma querida amiga que decidi fazer o teste de farmácia. Ela me alertou da necessidade de tomar uma série de remédios caso o resultado fosse positivo e que seria importante para a saúde do bebê. Opa, daí o negócio começou a ficar sério. Compramos o teste, fiz assim que cheguei em casa e os dois risquinhos apareceram tão rápido que não deu tempo nem de respirar fundo.
As pernas começaram a tremer, o coração disparou e confesso que o medo tomou conta de mim. Uma gravidez agora? Será que é o momento ideal? Estou preparada? Como eu vou arcar com tantas despesas? Até na escola a gente pensa quando vê os dois risquinhos! Só consegui chorar, chorar e chorar. Uma mistura de sentimentos toma conta da gente, mas confesso que o desespero predominou.
Apesar do apoio incondicional do meu marido, eu realmente achava que aquele não era o momento. Mas hoje, com o meu pequeno Raul prestes a completar seu primeiro ano de vida, eu me questiono se realmente existe a hora certa para isso. Se um dia estaremos preparadas para uma gravidez, se saberemos que é hora de ser mãe. Acredito que não, construí ao longo dos noves meses a ideia de que seria responsável por uma vida.
E realmente só caí em si quando Raul chegou, pequenino, todo delicado. Naquele momento eu percebi que minha vida teria mudado para sempre. Hoje eu não faço nem 1/3 do que fazia antes de ser mãe, mas também não sou mais a Kadija de antes.
Eu acordo e vou dormir pensando no bem maior que eu tenho e tudo que posso fazer por ele. Não é fácil a maternidade, o criar e educar um filho, mas foi o maior presente que Deus poderia me dar. O melhor plano que pude colocar em prática na minha vida. Hoje eu sou uma mulher completa e posso dizer que não me arrependo.