No Dia de Proteção às Florestas (17), data que tem como objetivo conscientizar as pessoas sobre a importância da preservação destes locais que são lares de inúmeras espécies de animais e plantas, o Projeto Olhos da Serra apresenta os resultados da primeira fase de suas atividades, que visam a proteção da Serra do Japi.
O projeto é estruturado para levantar dados por meio de parcerias e ter acompanhamento e validação constante tanto dos parceiros quanto da participação popular. São cartilhas, webséries, formação de líderes comunitários e mapeamentos que vão validar todo movimento do Projeto em prol da área de preservação.
Raquel Melillo, gerente técnica do Projeto Olhos da Serra, reforça que as opções metodológicas e alguns resultados já são possíveis de serem mensurados. “Um deles é o ITA, Índice de Transformação Antrópica, que adotamos para identificar áreas com maior ou menor impacto no território que deveria ser área de conservação. E ainda há muitas conquistas importantes a caminho, como o lançamento do Suindara – Sistema de Alerta de Queimadas e Desmatamento”.
Uma das estratégias do Olhos da Serra é justamente contribuir para o combate ao desmatamento e queimadas não programadas no bioma. “Estamos desenvolvendo junto ao Instituto Cerrados um plano operativo para a comunidade da Serra do Japi, sendo o Sistema Suindara de Alertas e Queimadas, desenvolvido pelo Instituto Cerrados, sistema de monitoramento que emitirá um alerta para o celular dos líderes comunitários em caso de incêndio, uma das nossas conquistas. É uma entre tantas ferramentas de trabalho necessárias para chegarmos até a nossa tão sonhada brigada de incêndio. Mas é importante lembrar que só se cria uma brigada de incêndio com total engajamento das pessoas, muito treinamento, conscientização e integração junto ao poder público”, conta Eliana Schiozer, vice-presidente da Associação dos Amigos dos Bairros de Santa Clara, Vargem Grande, Caguassu e Paiol Velho (SAB Santa Clara).
O diretor do Instituto Cerrados, Yuri Salmona, responsável pelo sistema e consultor para a formação da brigada de incêndio, explica que o Suindara funciona em qualquer smartphone e seu uso é extremamente simples. “A ferramenta traz agilidade e eficácia, pois envia mensagens de alerta diretamente para os gestores da área e atores envolvidos, com um mapa indicando o local da queimada, possibilitando a navegação e ação in loco”.
O uso dessa tecnologia, com o envolvimento da comunidade e parceiros, promete grandes avanços na luta pela prevenção e combate a focos de incêndio na área de floresta. O apoio dos órgãos municipais também faz a diferença para atingir resultados positivos.
Para o prefeito Luiz Fernando Machado, a parceria do projeto Olhos da Serra com instituições é importante para fomentar a proteção a Serra do Japi. “Nós fazemos parte da construção de uma boa sociedade e a união entre órgãos públicos e privados, além da população, é uma demonstração de como trabalhar unindo forças para o bem da comunidade, preservação do meio ambiente e qualidade de vida. Jundiaí tem trabalhado para crescer e continuar se desenvolvendo, mas tudo isso tem sido feito com responsabilidade, pensando no Meio Ambiente. Os estudos realizados no ecossistema da Serra do Japi são fundamentais para a proteção e preservação da diversidade e da riqueza ambiental”, comenta.
Já Comandante Benedito Moreno, da Guarda Municipal, reforça que a parceria com sistema Suindara é bem estruturada, prestando todo apoio necessário dentro de sua competência. “Isso é importante para que o sistema auxilie da melhor forma possível em relação à identificação de focos de incêndio para uma resposta rápida na contenção do fogo.”
E ao proteger a floresta, as ações colaboram também para a preservação das nascentes. O Diretor de Mananciais da DAE, Martim de França Silveira Ribeiro, explica que a relação entre água e floresta é de interdependência. “Na medida em que sem água, a floresta não se desenvolve em sua plenitude e não é possível a sobrevivência da fauna e da flora neste local. Da mesma forma, a floresta é fundamental para a quantidade da água, uma vez que a vegetação auxilia a absorção de água no solo através de suas raízes, além do fato de suas copas interceptaram a água das chuvas, fazendo com que a água seja retida no solo”. Ele reforça que a floresta ainda desempenha um papel muito importante na qualidade da água, “pois a vegetação previne as erosões, o assoreamento dos corpos d’água além de reterem os poluentes”, completa.
Próximos passos – Além do Suindara, ações a serem executadas, como planejamento de campo, já estão em processo. “Vamos contar com uma equipe que vai coletar água das bacias de riachos, córregos e de lugares estratégicos da Serra para verificar qualidade e quantidade da água, quais os impactos e as possíveis ações de melhorias”, adianta a gerente técnica do projeto Olhos da Serra, Raquel Melillo. E também será realizado um trabalho junto às pessoas do entorno, para entender as suas reais necessidades. “Nosso objetivo é fazer um trabalho de educação ambiental para designar líderes comunitários que possam reproduzir os conhecimentos da Serra do Japi”, completa.
Raquel também conta que há um projeto em ação com câmeras em pontos estratégicos na Serra. “Com este monitoramento será possível contar o número de pessoas, carros e bicicletas que circulam na Serra e na Reserva Biológica. Ter esse fluxo é importante para que possamos entender também o impacto dos transeuntes naquela região”, finaliza.