Novembro é o mês internacional de sensibilização da população sobre o nascimento de bebês prematuros, aqueles que nascem antes do tempo previsto. Além disso é o momento de se debater sobre o crescente número de partos prematuros, formas de se prevenir e informar sobre as consequências para a saúde do bebê.
Dessa forma, os objetivos da campanha do Novembro Roxo são debatidos durante todo o mês de novembro, mas sua concentração acontece no dia 17 de novembro, que é o Dia Mundial da Prematuridade.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o 10º país no ranking da prematuridade, tendo em torno de 320 mil partos prematuros por ano. O nascimento prematuro é uma das principais causas de mortalidade infantil e os bebês que sobrevivem podem ter problemas de saúde de curto e longo prazo.
Segundo a Dra. Flávia do Vale, coordenadora de Obstetrícia da Maternidade do Hospital Icaraí, em parceria com a Perinatal, cerca de 80% dos casos acontecem por causas espontâneas, os outros 20% têm causa em doenças maternas, como hipertensão, descolamento da placenta, entre outras.
“As causas comuns de nascimento prematuro incluem a perda de líquido ou bolsa rota, gravidez múltipla, infecções e condições crônicas, como diabetes e pressão alta; entretanto, frequentemente nenhuma causa é identificada”, explica a médica.
Separação Zero mãe e bebê
Neste ano, o foco da campanha é a separação zero entre mãe e bebê prematuro, ou seja, incentivar e permitir melhores condições para que a mãe possa passar a maior parte do tempo com seu bebê prematuro dentro do hospital, e que o pai também tenha livre acesso.
A OMS recomenda o alojamento conjunto, ou seja, que as mães dividam seu quarto hospitalar com os bebês desde o nascimento para manter o contato pele a pele e amamentar. Isso deve ser preservado mesmo quando houver suspeita ou confirmação por COVID-19, recebendo todo o apoio necessário para a prevenção de infecções. Mas alguns prematuros, principalmente aqueles abaixo de 34 semanas, vão direto para UTI neonatal.
“No Hospital Icaraí, com a pandemia, permitimos que as mães com suspeita de COVID ficassem com seus filhos e amamentassem no quarto, caso desejassem. Estimulamos também a prática do parto humanizado, quando o bebê fica o tempo inteiro com a mãe. Muitos pediatras levam o bebê para o berçário após o parto para medir, pesar e fazer as vacinas, enquanto a mãe termina a cirurgia. Nós estimulamos que esses cuidados sejam feitos dentro do centro cirúrgico e que o bebê vá para o quarto direto com a mãe. Isso diminuiria a circulação pelo hospital e aumentaria o vínculo e contato com a mãe”, explica Dra. Flávia.
Além disso, Dra. Flávia relata que na UTI neonatal, quando é necessário o acolhimento dos prematuros, as visitas familiares são incentivadas e orientadas pelos profissionais de saúde que lá trabalham.
Cerca de 1 em cada 10 bebês nascem prematuros ou antes de completar as 37 semanas de gravidez. Esses bebês perdem o importante crescimento e desenvolvimento que acontece nas semanas finais da gestação.
“E não são apenas os bebês que precisam de cuidados especiais. Muitas vezes, a mãe também precisa. Quando uma mãe dá à luz um bebê prematuro, muito estresse físico e emocional vem junto. É importante levar em consideração a saúde física e mental dessa mãe, para que ela possa estar preparada para atender às necessidades de seu RN prematuro”, complementa a médica.
As desigualdades nas taxas de sobrevivência em todo o mundo são gritantes. Em ambientes de baixa renda, metade dos bebês nascidos com 32 semanas ou menos (2 meses antes) morrem devido à falta de cuidados adequados, como aquecimento, apoio para amamentação e cuidados básicos para prevenir infecções e dificuldades respiratórias. Já em países de alta renda, quase todos esses bebês sobrevivem.
“As taxas de sobrevida sem sequelas dos prematuros atendidos na unidade neonatal do Hospital Icaraí (Perinatal Icaraí) estão entre as melhores do Brasil, comparáveis às dos melhores centros neonatais do mundo. As unidades neonatais do Grupo Perinatal participam da Rede Vermont Network e da Rede Brasileira de Pesquisas Neonatais, o que permite uma troca constante de experiência para ajudar no tratamento dos prematuros lá atendidos”, conta Flávia.
Prevenção
Para Dra. Flávia a prevenção de complicações decorrentes do parto prematuro começa com uma gravidez saudável. Controlar o peso, a dieta, abolir tabagismo e uso de drogas e controlar bem doenças como diabetes e hipertensão são super importantes. Segundo a OMS, um mínimo de 8 consultas de pré-natal e o controle do crescimento fetal com ultrassom são medidas super importantes para identificar e controlar outros fatores de risco, como infecções.
“Mais de três quartos dos bebês prematuros podem ser salvos com cuidados viáveis e de baixo custo, como cuidados essenciais durante o parto e no período pós-natal para todas as mães e bebês. O fornecimento de injeções de corticoide pré-natais para fortalecer os pulmões dos bebês, antibióticos quando a bolsa d’água rompe antes do início do trabalho de parto e sulfato de magnésio para prevenir danos neurológicos futuros da criança, ultrassom com medidas do colo do útero para identificar e tratar mulheres de alto risco de parto prematuro, são recomendações e estratégias comprovadas capazes de reduzir os nascimentos prematuros”, explica Flávia.
Outros cuidados com o bebê recém-nascido lembrados pela médica incluem a atenção com a temperatura, o suporte de alimentação, estímulo ao contato pele a pele, uso seguro de oxigênio e outros tratamentos para ajudar os bebês a respirar mais facilmente e ter menos sequelas.
“Logo, uma boa integração entre a obstétrica e a UTI neonatal são fundamentais e fazem todo o diferencial nos resultados neonatais”, finaliza.