Quem nunca esteve em uma sala de aula, não sabe o que é ser professor. E, principalmente, professor de séries iniciais. Sabe aquela conversa de canto de ouvido que as crianças fazem pensando que ninguém escuta? É exatamente disso que se trata esse texto…
Um dia durante minhas aulas de inglês para o 1º ano, perguntei aos meus alunos em qual dia faziam aniversário.
Muitos responderam com segurança o dia e o mês; outros só sabiam o mês ou perto de qual data comemorativa festejava. E os que não faziam nem ideia? Estavam na sala também!
A pergunta despertou um burburinho na sala. Crianças se levantavam, apontavam para o calendário, gritavam nomes de meses e dias com o intuito de serem ouvidas.
No meio de tudo isso, avistei dois alunos discutindo sobre um tema: Festas de aniversário!
Um deles dizia que havia ido ao aniversário do amigo duas vezes no mesmo ano. Já o outro afirmava que isso era completamente impossível!
A primeira coisa que senti foi curiosidade para saber como a conversa terminaria. Mas aos poucos percebi que não chegariam à conclusão alguma.
Antes que o assunto viesse para mim, decidi chamar a atenção de todos e fiz a pergunta: Alguém sabe quantas vezes fazemos aniversário no ano?
Neste momento muitos alunos me olharam com surpresa. Nunca haviam recebido uma pergunta como essa.
Acredito que para alguns a resposta era óbvia. Para outros, nem tanto.
Imagine vinte e cinco crianças de 6 anos gritando ao mesmo tempo! Eu, sem compreender uma palavra, comecei a refletir como nada é óbvio para uma criança e que por muitas vezes deixamos de explicar algo simplesmente por pensar que ela já sabe!
Quantas vezes recebemos perguntas de nossos filhos e respondemos em instantes. Mas, e se fôssemos nós que assumíssemos o papel de fazer perguntas? O quão bom seria para o desenvolvimento das nossas crianças?
Voltando à aula… chegamos por consenso que fazemos aniversário uma vez ao ano (ufa!), mas a pergunta deixada para pesquisa foi: Como é definida a data de meu aniversário? Posso mudá-la?
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Que esse texto te inspire a fazer mais perguntas e estimular o raciocínio e o pensamento lógico de uma criança sempre que possível.
Um abraço,
Letícia