A pandemia da COVID-19 afetou negativamente os negócios em geral e, consequentemente, a economia nacional. Por outro lado, a crise gerou oportunidades e aprendizados para as mulheres empreendedoras; é o que mostra a pesquisa “Empreendedoras e Seus Negócios 2020, do Instituto Rede Mulher Empreendedora – IRME, realizada pela Plano CDE e com apoio da ONU Mulheres.
Essa pesquisa, que já está na 5a edição anual, mostra que as mulheres driblaram ou amenizaram a crise graças à mudança de atitudes empreendedoras e gerenciais, investindo principalmente na digitalização dos negócios. Na hora de escolher os meios digitais que para alavancar seus negócios, 75% apostaram nos aplicativos de mensagens e 72%, nas redes sociais. Os aplicativos de mensagens passaram a ser mais utilizados para divulgação (66%), atendimento (65%) e vendas (57%). Já as redes sociais têm sido utilizadas como ferramenta de divulgação (81%) e vendas (52%).
Para Ana Fontes, fundadora e presidente do IRME, isso mostra como as empreendedoras estão antenadas com as transformações nos negócios. “As mulheres estão buscando conhecimento e se preparando cada vez mais para o uso do digital como canal de vendas, e, também, para melhorar o desempenho da empresa”, diz ela. “Empreendedoras são criativas, inovadoras e não têm medo das crises.”
A pesquisa mostra, ainda, que a busca por capacitação também foi uma aposta das mulheres empreendedoras para encarar a pandemia e suas consequências. Cerca de 65% das mulheres entrevistadas já participaram de cursos focados em empreendedorismo para melhorar processos e diversificar produtos e serviços. Entre os homens, 53% já buscaram capacitação, mas seu interesse está voltado para os assuntos financeiros, principalmente.
Ainda segundo a pesquisa, o sonho do empreendedorismo é o motivo mais citado por homens e mulheres para iniciar um negócio. Porém, quando se fala em outras motivações, o equilíbrio entre trabalho e família e a flexibilidade de horários é relevante entre as mulheres. “As mulheres são motivadas pela busca de um propósito identitário e de uma flexibilidade necessária no dia a dia, flexibilidade que ela não encontra em ambientes corporativos”, afirma Ana Fontes.
Entre as principais dificuldades enfrentadas nos negócios, a gestão financeira é a principal razão que tira o sono de homens e mulheres, seguida por divulgação e vendas. Contudo, a dificuldade com a gestão do tempo entre trabalho e a família é citada principalmente pelas empreendedoras, fato já apontado em pesquisas anteriores do IRME. Com a pandemia, 20% afirma que esse problema se agravou, contra apenas 11% dos homens.
Ana Fontes lembra que a mulher ainda carrega a responsabilidade pela criação dos filhos, pelos deveres da casa e pelo cuidado com o entorno familiar, o que se reflete na pesquisa: 17% delas afirma haver aumentado essa responsabilidade com a pandemia, contra 11% dos homens.
Mesmo assim, mulheres se mostram mais confiantes em relação ao futuro dos negócios. Cerca de 66% delas dizem estar muito confiantes com o sucesso do empreendimento. Já para os homens, essa expectativa positiva alcança 59%.
“A pesquisa mostra que as mulheres têm conseguido ser mais resilientes com seus negócios durante a pandemia, procurando alternativas estratégicas e não apenas pontuais. Enquanto o empreendedor se preocupa em cortar gastos e obter empréstimos, a empreendedora busca meios alternativos que fortaleçam a empresa durante e depois da crise. Por isso, ela tem uma visão positiva e otimista não apenas do seu negócio, como também de seu papel frente a ele”, diz Ana Fontes.
DADOS DO ESTUDO
• Pesquisa nacional, realizada entre setembro e outubro 2020, com 1.555 empreendedores
• Margem de erro de 3,26% e intervalo de confiança de 99%
• Pesquisa do Instituto RME, realizada pela Plano CDE, com apoio da ONU Mulheres