Como nos manifestamos em 09 de setembro de 2020, à época em que sentença do caso Mari Ferrer foi expedida, expomos nosso repúdio novamente e, dessa vez, às condutas do advogado Cláudio Gastão da Rosa Filho e do juiz Rudson Marcos, da 3ª Vara Criminal de Florianópolis, na audiência cujo vídeo foi divulgado hoje pelo Intercept Brasil.
O advogado agiu com absoluta falta de decoro e humanidade, tentando engatar uma tese de defesa pautada pela responsabilidade da vítima pela violência que sofreu. Houve exposição de fotos sensuais da vítima para embasar a defesa de que relação foi consensual, as quais foram definidas pelo advogado como “ginecológicas”. Esse mesmo advogada afirmou que “jamais teria uma filha” do “nível” de Mariana e tripudiou de sua dor ao dizer que “não adianta vir com esse teu choro dissimulado, falso e essa lábia de crocodilo”.
O juiz do caso, por sua vez, em momento algum repreendeu o advogado por apresentar fotos e fatos que em nada tinham a ver com o caso concreto em julgamento nem interrompeu suas falas humilhantes e violentas contra Mariana e determinou uma pausa apenas após a vítima fazer um pedido expresso para que ele exigisse respeito. A vítima teve que lembrar ao juiz, servidor público, de realizar o seu trabalho.
Ficamos satisfeitas em saber que já foi apresentada representação perante o Conselho Nacional de Justiça para que a corregedoria do órgão analise a conduta do juiz e do membro do Ministério Público que atuaram no caso. De fato, a atuação do promotor Thiago Carriço de Oliveira chama a atenção, pois não é nada comum o Ministério Público, órgão responsável pela acusação, pedir a absolvição de um réu diante de tantos elementos de prova, ainda mais tendo esse mesmo Ministério Público pedido a prisão preventiva, porém pela mãos do promotor Alexandre Piazza que deixou o caso, segundo o MP, para atuar em outra promotoria.
Expressamos toda nossa solidariedade à Mari Ferrer. Não podemos imaginar a dor que ela tem experimentado desde a violência que sofreu e nos colocamos à sua disposição e agradecemos sua imensa força e coragem. Obrigada por falar por nós, Mari. Obrigada por ser e por existir. Honramos sua existência.
Acreditamos que esse caso tem a força de mudar a história dos crimes de violência sexual no Brasil e chamamos a todas as mulheres e todos os homens ao posicionamento público contra essa decisão e essas posturas para que haja pressão social para a alteração desse resultado inicial.
Me Too Brasil