Nos últimos dias, viralizou nas redes sociais um vídeo que mostra duas irmãs brigando durante uma festa de aniversário infantil. A aniversariante Maria Eduarda, de três anos, estava pronta para apagar a vela de seu bolo quando a irmã, Maria Antônia, de seis anos, se antecipou, deixando a mais nova revoltada e causando uma briga com puxões de cabelo e socos.
O vídeo rapidamente se transformou em meme, mas especialistas em comportamento infantil se preocupam com o nível de exposição dado a uma cena familiar que deveria ter sido mantida privada. Para Conrado Paulino da Rosa, advogado especializado em família e professor do MeuCurso, os pais estão ferindo o Estatuto da Criança e do Adolescente e podem ser responsabilizados futuramente pelos filhos devido ao trauma emocional da cena, além das consequências de uma exposição tão intensa.
“Os pais têm que ter cuidado no momento que compartilham esse tipo de vídeo, porque é um excesso de exposição. Os pais são titulares do poder familiar, e são os primeiros a serem obrigados a não expor os filhos a esse tipo de situação. As pessoas têm que ter consciência de que, no momento que isso se torna público, isso não sai mais do mundo digital. E os filhos podem demandar futuramente essa responsabilidade dos pais, porque certamente elas vão ficar o resto da vida marcadas por isso”, explica.
De acordo com o Artigo 18 do Estatuto da Criança e do Adolescente, “é dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor”. Ainda de acordo com a lei brasileira, o Artigo 18 prevê que “mãe e o pai, ou os responsáveis, têm direitos iguais e deveres e responsabilidades compartilhados no cuidado e na educação da criança, devendo ser resguardado o direito de transmissão familiar de suas crenças e culturas, assegurados os direitos da criança estabelecidos nesta Lei”.