Jogos, tarefas escolares, redes sociais, contato com os amigos e familiares. Os meios digitais se tornaram ferramentas muito utilizadas no período de distanciamento social causado pela pandemia do coronavírus (Covid-19), principalmente para as crianças e adolescentes. Mas com tanto conteúdo disponível e acessível, os pais e responsáveis também enfrentam diariamente desafios como o excesso de exposição às telas, qualidade do conteúdo e, principalmente, a segurança na internet.
Segundo dados da pesquisa TIC Kids Online Brasil, em 2019 cerca de 24,3 milhões de crianças e adolescentes com idade entre 9 e 17 anos acessavam a internet no Brasil, o que corresponde a 86% do total de pessoas nessa faixa etária. Segundo a gerente de Tecnologia Educacional do Marista Escolas Sociais, Caroline Serqueira, o momento é de acompanhamento dos comportamentos das crianças e adolescentes. “Muitas vezes as crianças e adolescentes acabam utilizando os meios digitais para se colocar perante amigos e seguidores. Porém, mesmo que seja para se posicionar diante de algum tema ou para expor a sua imagem, é importante estar atento às armadilhas que podem surgir nos meios digitais”, reforça.
Cultura digital e diálogo
O consumo da internet está diretamente ligado a uma cultura digital, que ainda é muito recente, principalmente para os adultos. “As crianças e adolescentes já tem mais facilidade com o acesso, enquanto muitos pais migraram de outros meios, viram a entrada dos computadores na rotina do trabalho, por exemplo. Por isso, podem não acompanhar com tanta facilidade o acesso das crianças e adolescentes”, afirma Serqueira.
Para a especialista, o diálogo é a melhor opção. “Manter uma rotina de acompanhamento dos acessos e de conversas, separar um tempo para ficar online e ver quais conteúdos eles mais gostam pode colaborar nessa percepção”, revela.
É o caso da família da Jenifer Marcelino, de 11 anos, ela estuda no Marista Escola Social Irmão Lourenço, que atende gratuitamente crianças e adolescentes na Zona Leste de São Paulo. Ela está fazendo as atividades on-line no período da pandemia e divide a sua rotina para não ficar muito tempo na frente da tela. “Todos os dias separo o tempo de estudo e o de lazer e escrevo no caderno os horários que posso ter intervalos, e ver outras coisas”, reforça.
A mãe, Sandra Regina Marcelino, acompanha muito do tempo em que a filha fica online. “Ela tem redes sociais, gosta de fazer vídeos, aproveitamos para fazer juntas, assim é uma forma de eu ver e acompanhar de perto o que ela está acessando”, explica;
Para contribuir com a rotina dos pais e responsáveis, a especialista dá dicas de como reforçar a segurança digital nesse período de distanciamento social:
1) Mantenha uma rotina
Com as aulas online e demais atividades, é legal mostrar para as crianças e adolescentes que elas têm horários e tarefas para cumprir. As atividades podem ser escritas em um papel fixado na geladeira ou em um mural para facilitar o acesso. É interessante incluir sugestões de brincadeiras e livros para ler, que podem ser incluídos na rotina.
2) Separe um tempo on-line com eles
Muitas crianças e adolescentes podem contar ou relatar algo visto na internet. Separe um tempo para olhar os canais que eles gostam, ver vídeos que eles acessam, jogar com os aplicativos que utilizam. “Crie rotinas saudáveis para o uso de equipamentos e aplicativos digitais, estabeleça regras de segurança e aproveite opções de controle parental que os sistemas operacionais dos dispositivos oferecem, colocando filtros e senhas, quando necessário. Também estabeleça momentos de desconexão e convivência familiar”, afirma Caroline.
3) Mantenha os dispositivos em ambientes coletivos
Manter computadores e tablets em ambientes comuns, como sala ou cozinha, pode facilitar o acompanhamento das atividades diárias, e até contribuir para a troca de diálogo do que é acessado. Conhecer e saber com quem ele está jogando ou conversando online. “As crianças e adolescentes precisam reconhecer que seus responsáveis podem apoiá-los em qualquer dúvida ou situação”, reforça Caroline.