Todos os estudos indicam estimulação precoce para criança com deficiência, mas no fim cada família tem sua opinião e decisão do que fazer quando se tem um bebê com atraso no desenvolvimento. Em casa as terapias começaram bem cedo, com um mês de nascimento já tínhamos uma pequena rotina em nossas vidas, mas respeito muito outras maneiras de pensar. É simples: aqui é assim e aí é de outra maneira, mas mesmo assim ambos caminhamos felizes com nossas escolhas.
O cenário muda um pouco quando chega à escola. Quando a criança vai para a escola, muitos pais querem saber quando seus filhos irão aprender a ler e escrever, esquecem de vários momentos que precisam acontecer antes ou durante este processo.
Para a criança conseguir ler e escrever, ela precisa primeiro passar por uma primeira infância de qualidade, aquela cheia de brincadeiras, parques, passeios e interação com outras pessoas. É aqui que entra o papel fundamental da família.
Hoje, o que todo mundo sabe é que a inclusão escolar ainda não está como esperamos que seja, é um caminho longo a percorrer, mas o que poucos veem são algumas famílias colocando toda a responsabilidade na escola.
Vemos algumas crianças com pouco convívio social fora do ambiente familiar e quando chegam na fase escolar, os pais acreditam que a escola vá trazer tudo aquilo que eles esperam. Entendem aqui que é uma parceria? E que esta parceria tem que estar muito em sintonia?
Tudo aquilo que fazemos na primeiríssima infância ou mesmo ainda na primeira infância, vai ajudar essa criança a se desenvolver com qualidade ao longo de sua vida, independente de sua limitação. Isso acontece para a criança com e sem deficiência.
Outro exemplo prático: uma criança que não se mantém sentada ou com atenção provavelmente não aprenderá a ler e escrever enquanto isso não acontecer.
Como a família pode ajudar neste processo?
Nunca fui a favor de pai e mãe virarem terapeutas ou professores, colocar uma atividade que a terapeuta indicou durantes as brincadeiras ok, fazer dever de casa como rotina de qualquer criança mais de acordo ainda, mas a criança com deficiência tem que ter a figura de pai e mãe como porto seguro e não como mais um profissional em sua vida.
Aí você pergunta: se eu não posso ser professor do meu filho em casa, então como fazer para que ele permaneça sentado e mantenha a atenção? Não tem segredo, é o convívio na sociedade. É aquele passeio no parque para que a criança se acostume a ambientes com muita gente e possivelmente com barulho. É um teatro ou cinema que precisam esperar na fila, mesmo com a lei de prioridades encontramos pequenas filas de vez em quando. Agora que tal algumas vezes deixarmos nossos direitos de lado e pegarmos a fila comum só para ensinarmos aos nossos filhos que as esperas fazem parte da nossa vida?
Não deu certo dele ficar na peça teatral até o final? Não tem problema, vão embora mesmo, ele precisa estar seguro nesta situação, para que não fique com medo nas novas tentativas. Hoje ele ficou apenas 5 minutos? Na próxima ele pode ficar 10 e perceber um pouco mais que se ele prestar atenção no palco, existe uma história muito legal acontecendo. O importante é percebermos esse crescimento gradual de permanência, mesmo que seja mínimo.
As condições financeiras e sociais são possíveis dificultadores para esses estímulos culturais, mas hoje em dia temos peças de teatro gratuitas ou mesmo a preços populares. Este tipo de programa não precisa ser feito todos os finais de semana, mas vale muito a pena a família ficar de olho nas agendas culturais de sua cidade. Sem falar que o parque sempre é uma ótima opção e temos parques lindos totalmente gratuitos. Que tal um piquenique ao ar livre com seu filho?
A internet hoje é outra fonte riquíssima de ideias do que fazer com as crianças. Eu sigo muitas páginas de pessoas muitos criativas que criam brinquedos pedagógicos com caixa de papelão, por exemplo. Que tal montar um desses brinquedos e chamar os filhos dos vizinhos para brincarem junto do seu filho?
Citei alguns exemplos do que podemos fazer para ajudar seu filho na escola sem termos que sentar no banco escolar junto. Nosso papel é outro e nosso dever também.
Ressalto aqui que temos muitos problemas quanto à inclusão escolar, não tiro a responsabilidade da escola de um monte de coisas que não vemos acontecer ainda, mas antes de cobrar um professor do que ele não está conseguindo com o seu filho, precisamos pensar:
E nós, o que estamos fazendo para ajudar neste processo de desenvolvimento dos nossos filhos?
Nosso papel como pais é fundamental!! Pense nisso e corra atrás, afinal, nunca é tarde!