Na infância, quem nunca leu ou ouviu falar do clássico livro Pollyana? A história fala sobre um encanto de menina, doce, acolhedora, e destaca a sua habilidade em enxergar situações adversas da vida de forma otimista. É aquela pessoa que vê sempre o ‘copo meio cheio’. Destaque para o jogo que seu pai lhe ensinou, nomeado “jogo do contente”, que consiste em sempre pensar positivo quando alguma situação complicada ou ruim acontecer, tentar tirar algo de bom, que pode ser para seu próprio bem ou para o de outras pessoas. Que tal sermos mais como ela e ensinarmos nossas crianças a serem também?
Como todos os valores, é preciso ensinar os pequenos a agradecer. Ser grato desenvolve consciência, alegria e também sensibilidade e empatia em relação ao outro. Amplia emoções positivas, otimismo, aumenta as sensações de satisfação e conexão com a vida.
Estudos da neurociência indicam que quando uma pessoa se sente grata, ela ativa o chamado “sistema de recompensa” do cérebro, trazendo uma sensação de bem-estar. Dessa forma, o cérebro entende que algo positivo está acontecendo e libera dopamina, um neurotransmissor que é responsável pela sensação de prazer. A substância motiva as pessoas a buscarem seus objetivos e sonhos, pois quanto mais o indivíduo se sente feliz e realizado, mais seu organismo sente a necessidade de realizar outras metas. E quanto mais esse processo é reforçado, mais ele se desenvolve no corpo. Propiciar a liberação deste neurotransmissor por meio de pequenas atitudes, desde a tenra idade, trará imensos benefícios para a vida das crianças.
Para a professora de Educação Infantil do Colégio Marista São Luís, em Jaraguá do Sul (SC), Samanta Sievers, o principal a ser ensinado é que agradecer é algo gratuito e que não devemos esperar nada em troca ao fazê-lo. “Gratidão é um hábito a ser cultivado. Aos menores de dois anos por exemplo, ensinamos por repetição a dizer ‘obrigado’, mesmo que eles ainda não entendam o seu conceito, mas já plantando uma semente”, comenta.
Assim que a criança cresce, é possível ampliar o repertório da gratidão com exercícios simples, listados pela professora:
– Pergunte sobre a melhor coisa que aconteceu no dia: antes de dormir, peça que a criança fale sobre um momento do dia que a deixou feliz, pelo qual gostaria de agradecer. Acredite: as vivências mais simples costumam ser as mais citadas.
– Fotografias: vejam juntos fotografias de momentos vividos, garantindo falas positivas como “Foi tão legal quando fomos à praia, você também gostou? Sou grata por este dia, quem sabe podemos repeti-lo em breve?”.
– Faça cartões de agradecimento: fez aniversário e ganhou presentes? Que tal fazer um cartão para agradecer à pessoa pelo carinho?
– Pote da gratidão (para maiores de 6 anos): separe um pote e instrua sua criança a escrever em um pedaço de papel toda vez que algo lhe fizer sorrir, lhe deixar feliz. “Quando tomei sorvete com a vovó”, por exemplo. Tudo é válido. Incentive que vez ou outra a criança abra esse pote e releia os escritos, relembrando os bons momentos vividos.
– Jogo da gratidão: crie um jogo utilizando, por exemplo, tampinhas ou pedaços de papéis coloridos em que, ao pegar a cor específica, a criança deve: citar um lugar, uma pessoa, uma comida, um objeto, pelo qual ela seja grata.
Todo pai e mãe, tenho certeza, deseja que sua criança tenha um bom coração e seja feliz. A gratidão proporciona ferramentas para esse sucesso emocional. Dedique tempo para incentivar seu filho a desenvolver essa habilidade. Com certeza fará diferença no futuro.