Medo infantil que interfere nas atividades precisa ser avaliado

O medo é um sentimento que todos os seres humanos podem sentir, sejam crianças, adolescentes, adultos ou idosos. O medo é uma maneira de se defender ou de se proteger de situações “aparentemente” ameaçadoras. Mas, quando o medo é excessivo e interfere no dia a dia, pode se tornar patológico, ou seja, uma doença.

De onde vem o medo?
Segundo a neuropediatra Dra. Andrea Weinmann, em geral, muitos medos na vida adulta resultam de experiências traumáticas ou mal resolvidas na infância. “O medo é um sentimento despertado durante a infância. Porém, é a qualidade das experiências vivenciadas que irá determinar o comportamento em outras fases da vida em relação aos diferentes tipos de medo que a criança pode experimentar”.

“Durante o desenvolvimento infantil, acontecerão diversas situações em que a criança pode experimentar o medo. Por isso, os pais precisam ajudar a criança a superar seus medos, que são diferentes em cada fase da infância e adolescência”, explica Dra. Andrea.

E aqui cabe uma ressalva: muitos medos são passados pelos próprios pais. “Um pai ou uma mãe que tem medo de aranha, por exemplo, pode transmiti-lo para os filhos, mesmo que de forma inconsciente”, comenta a neuropediatra.

Medos mais comuns
Em cada faixa etária, a criança irá experimentar um tipo de medo. “Nos primeiros meses de vida, por exemplo, os bebês podem se assustar com barulhos altos. Um pouco mais tarde, o medo pode ser de pessoas estranhas, de lugares altos, da ausência dos pais, entre outros”, cita Dra. Andrea.

“Por volta dos dois anos, com a cognição mais desenvolvida, além do medo da ausência dos pais, a criança pode temer trovões, sons de eletrodomésticos, como aspiradores, liquidificadores, médicos e as criaturas imaginárias, como bruxas e fantasmas”, diz a especialista.

A neuropediatra comenta que entre os três e quatro anos, é comum que as crianças não gostem muito de personagens fantasiados, especialmente com o rosto coberto. “É nessa fase também que as crianças podem começar a sentir medo de animais, especialmente de insetos”.

Depois dos cinco anos, os medos se tornam mais concretos, devido ao desenvolvimento cognitivo mais intenso. “Com isso, o medo estará mais relacionado a experiências cotidianas, como violência, medo de cair, de se machucar, de ficar sozinho, da violência urbana, entre outros. Aos seis anos ou mais, há um senso mais apurado da realidade e o medo também se torna mais palpável, com um reforço mais intenso de perder os pais ou de ficar sozinho”, ressalta Dra. Andrea.

Porém, segundo a neuropediatra, nem todas as crianças irão responder da mesma maneira aos estímulos que podem ser ameaçadores. “Na verdade, há crianças que adoram personagens mascarados e outras que sentem medo. A resposta ao medo é individual”.

Quando o medo da criança deve ser investigado
De acordo com Dra. Andrea, os pais precisam ficar atentos a alguns sinais que podem indicar que o medo se tornou disfuncional.

“Em primeiro lugar, é preciso entender se o medo está interferindo nas atividades diárias, como dormir, comer, ir pra escola, brincar. O tempo é um critério importante também, ou seja, se esse medo já ultrapassou seis meses, é importante investigar. Naturalmente, o medo patológico vai aumentar a ansiedade e a preocupação da criança de maneira desproporcional aos estímulos”, cita Dra. Andrea.

Um outro exemplo do medo que pode ser patológico é quando ele não corresponde à faixa etária. Ou seja, uma criança com mais de 10 anos com medo de seres sobrenaturais, como bruxas, vampiros ou monstros é um sinal de alerta. Lembrando ainda que o medo de ir para a escola pode também estar associado ao bullying e é preciso investigar.

Por fim, Dra. Andrea ressalta ainda que o medo patológico também pode gerar sintomas como enjoo, dor de barriga, cabeça, tontura, falta de ar, irritabilidade, choro inconsolável e sem motivo aparente, insônia, falta de apetite, sudorese excessiva, entre outras manifestações físicas e emocionais.

Dicas para os pais

  • Você é o exemplo: Tudo bem se você morre de medo de barata, de pegar um avião ou de ser picado por uma abelha. Mas, lembre-se de que o medo é seu e não do seu filho. Não demonstre o seu medo para a criança, pois pode aumentar a chance de ela desenvolver mais tarde a mesma fobia.
  • Escuta ativa: Jamais despreze o medo da criança. Ouça atentamente o que ela tem a dizer. Dependendo da idade, não adianta dar uma explicação lógica, como ‘fantasmas não existem’. Procure trabalhar o tema de forma lúdica. Se for o caso, peça ajuda de um psicólogo ou da escola.
  • Cuidado com a internet: Infelizmente, muitos pais não controlam o conteúdo que as crianças acessam no celular, computador e na TV. Há programas, filmes e até mesmo jogos que são inadequados para as crianças, principalmente aqueles que envolvem seres sobrenaturais e violência. As crianças não têm maturidade emocional para diferenciar a realidade da ficção. Portanto, procure uma maneira de monitorar o conteúdo acessado.
  • Sinais de alerta: Fique atento aos sinais de alerta, mudanças bruscas de comportamento, como os citados acima. Busque ajuda, seja na escola, de um neuropediatra, do pediatra ou de um psicólogo

Autor Redação Mães de Jundiaí

Redação Mães de Jundiaí

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *