Tudo aquilo que não resolvemos em nós, certamente refletirá na criação com nossos filhos. As dores vividas na infância, frustrações e necessidades não atendidas. Todas essas mágoas e julgamentos que trazemos daqueles que nos deram a vida influenciam fortemente a mãe ou pai que sou hoje.
Vejo muitos pais (aqui quero dizer pai e mãe) que buscam uma maternidade/paternidade oposta aquilo que viveram. Ou seja, negam e julgam como inadequada toda a criação que receberam. Querem fazer tudo diferente.
É importante perceber essas mágoas e dores não elaboradas. Só assim, conseguiremos exercer uma maternidade/paternidade realmente mais livre e consciente, respeitando nossas escolhas a partir da relação com nossos filhos.
Quando buscamos um caminho oposto aos nossos pais, continuamos a olhar para nossas dores, para a nossa criança interior ferida, ao invés de olhar para nossos filhos. Pode até parecer que estejamos olhando para nossos filhos, mas no fundo, estamos querendo provar que somos melhores que nossos pais e que não cometeremos os mesmos erros. Talvez não cometamos os mesmos, mas certamente cometermos outros.
É preciso coragem e honestidade para olhar para aquilo que dói em nós. Talvez nossos pais não puderam dar o colo, o carinho, o tempo que queríamos ou precisávamos quando crianças. Mas certamente fizeram o que lhes foi possível, dentro de suas capacidades e limitações.
Virar essa página é essencial para que possamos olhar para nossos filhos e perceber quem são eles, do que precisam e o que temos a oferecer.
Muitos pais buscam satisfazer todas as necessidades de seus filhos, buscando de forma consciente ou não, poupá – los das frustrações que sofreram. Isso é um grande equívoco e poderá trazer estragos imensos para essas crianças. Somos nós, adultos, os responsáveis pelos limites, pela direção. Os filhos precisam disso para se sentirem seguros.
E para ocupar esse lugar, também precisamos estar seguros nessa relação, pois muitas vezes iremos frustrar nossos filhos.
Esse lugar nos pertence enquanto pais e se não estamos conseguindo ocupá – lo, é preciso reconhecer e buscar ajuda.
Que tenhamos em mente a compreensão de que cada um faz aquilo que é possível, dentro de um contexto, de uma cultura.
Se hoje, podemos olhar para nosso passado e perceber que algumas coisas poderiam ter sido feitas de outra forma, certamente é porque tivemos mais recursos que nossos pais, e portanto, podemos fazer diferente. Para nós, é mais fácil.
Que façamos o nosso melhor, com menos julgamentos, adotando uma uma postura e firme e amorosa.
E lembrem-se: é para frente que a vida segue!!
2 thoughts on “Que pais estamos sendo para nossos filhos?”
Mauricio
(janeiro 15, 2018 - 11:08 pm)As constelações familiares falam justamente sobre o tema desse texto. É realmente dificil esse olhar pra dentro e identificar o que é realmente nosso e o que é reatividade ao que passamos na infância. Todos os dias penso nisso e tento imaginar se estou me agradando ou agradando ao meu filho. Realmente complicado… parabéns pelo texto!
Daniela Silvares
(janeiro 17, 2018 - 10:26 am)Olá Maurício! Muito obrigada pela partilha! Exatamente, as constelações trazem esse olhar. É um olhar que nos liberta para seguir em frente. Parabéns pela sensibilidade de olhar para essa questão e refletir sobre suas escolhas. Esse é o caminho!